Brasileiros se revoltam contra app Secret: “a ideia é bani-lo do país”
O Secret é uma rede social para você compartilhar segredos: basta criar uma conta no app para iOS ou Android e sair postando de forma (razoavelmente) anônima. Em fins de maio, o app foi lançado no Brasil, mas só agora ele ganhou popularidade – e já encontrou quem o odeie por aqui.
Segundo a Folha de S. Paulo, dez pessoas vão entrar com pedidos extrajudiciais para que Apple e Google removam o Secret de suas lojas virtuais no Brasil. Elas dizem que foram caluniadas por usuários do app.
Pior: Bruno de Freitas Machado, responsável pela iniciativa, diz à Folha que “está acontecendo uma onda de postagens difamatórias e ofensivas, com discriminação, racismo, imagens [pornográficas] de menores”. Ele termina dizendo que “a ideia é banir o aplicativo do país”.
Eles não vão processar a empresa Secret, responsável pelo app, até porque isso seria difícil. Primeiro, ela não tem representação no Brasil (só nos EUA). Segundo, o Marco Civil da Internet criou um porto seguro para sites e apps: a responsabilidade do conteúdo publicado neles é de cada usuário, e a remoção só pode ser feita por ordem judicial. (A exceção é conteúdo com nudez e sexo: o provedor deve removê-lo o quanto antes.)
Identificar o autor de um post no Secret pode não ser tão difícil. Ele usa sua lista de contatos no celular e no Facebook para exibir segredos aos seus amigos; então, dependendo do teor da mensagem, dá para inferir quem é o autor.
Por exemplo, alguém reclamou no Secret que os criadores do app não queriam participar de um podcast. Um comentarista rapidamente observou que se tratava do empresário Jason Calacanis, fundador de uma rede de blogs que incluía Engadget e Joystiq – ele estava em seus contatos e tem um podcast.
Polêmica
O Secret vem mexendo com os ânimos no Vale do Silício. Em março, um alto executivo do Facebook teve que se defender após ser chamado de “narcisista sedento de poder”. No mesmo mês, uma mensagem ofensiva no Secret fez uma engenheira do GitHub se demitir e revelar uma cultura de assédio na empresa; o CEO deixou o cargo após o escândalo.
O app também serve para vazar informações antes de se tornarem oficiais. Por exemplo, alguns dias antes de Vic Gundotra deixar o Google, um post no Secret alegava que ele estava fazendo entrevista em outra empresa.
No entanto, é muito fácil inventar rumores falsos. Em maio, alguns sites começaram a circular um boato de que os fones EarPods da Apple ganhariam sensores para acompanhar sua frequência cardíaca e pressão sanguínea. O autor do “segredo” confessou alguns dias depois que ele inventou tudo – era só uma piada.
Na internet, o anonimato pode trazer o pior lado das pessoas. E o que acontece quando adolescentes começarem a usá-lo em peso, livres para falar mal de todo mundo? A rede social lembra que “os segredos mais interessantes podem viajar por todo o mundo”: quando um amigo curte a mensagem, ela aparece no feed dos amigos dele, multiplicando possíveis danos.
Há apps semelhantes, como o Whisper, que dizem não permitir nomes de pessoa nas mensagens para evitar problemas do tipo. No entanto, nomes de celebridades estão liberados. Isso causou uma saia justa após um usuário do app revelar, em fevereiro, que a atriz Gwyneth Paltrow estava traindo o marido, o cantor Chris Martin. No mês seguinte, eles se separaram.
Bem, nada disso impediu apps anônimos por enquanto. Na verdade, o Secret vem recebendo bastante financiamento nos últimos meses, e é avaliado em mais de US$ 100 milhões. Você está usando? [Folha]