Eu fui ao cinema para assistir a uma partida de videogame
Eram pouco mais de 13h no último sábado (18) quando comprei meu saco de pipoca e entrei na sala de cinema. No telão, em vez de um filme ou trailer, era exibida a destruição do nexus da Keyd Stars pela INTZ. Aquele era o fim da primeira partida – de uma melhor de 5 – na final da 1ª etapa do Campeonato Brasileiro de League of Legends, o CBLoL.
Sim, eu estava em um cinema assistindo a uma partida de videogame. E não estava sozinho. A sala de cinema estava cheia e pelo menos 200 outros fãs do Moba estavam tendo essa mesma experiência.
O jogo mostrado no telão acontecia ao vivo, em Florianópolis, e como toda final de competição, tinha uma importância enorme, ainda mais em se tratando de League of Legends e eSports, que vêm ganhando destaque nos últimos anos por aqui. Transmitir a partida em tempo real em uma sala de cinema era só mais uma amostra dessa popularidade.
A Riot Games, criadora do jogo, queria proporcionar aos fãs que não estavam na capital de Santa Catarina uma experiência única ao verem a final entre INTZ e Keyd. O jogo foi transmitido em cinemas de 18 cidades, do Norte ao Sul do país. Realmente, foi algo para ser lembrado.
Um cineminha e um Lolzin
Enquanto me dirigia ao cinema, não sabia direito o que esperar. Encontraria um clima típico dos antigos viradões/corujões de lan houses na época do primeiro Dota? Seria um caos com pessoas gritando o tempo todo? Ou algo parecido com um filme, com gente calada somente assistindo? Pra minha surpresa, foi uma mistura de tudo isso.
A experiência de cinema, pelo menos, ainda estava presente. Fiquei aliviado ao saber que não era o único a ter comprado um saco de pipoca e refrigerante para acompanhar a partida. Na verdade, a maioria ali tinha feito o mesmo. Mas o que surpreendeu foi me sentir em um ambiente que transmitia bem a empolgação vista na plateia de Florianópolis.
O começo das partidas da final era sempre a mesma situação. Os times na tela estavam se preparando nos primeiros minutos, então todos no cinema só assistiam calados, como um filme. Porém, era só acontecer o “First Blood” que as coisas começavam a se agitar.
A cada “Double kill”, “Killing Spree” ou jogada que dava certo para o INTZ (o time que todos ali estavam torcendo), os espectadores do cinema levantavam, aplaudiam, comemoravam e toda isso empolgava a todos.
Isso transpareceu até mesmo para quem estava ali sem saber muito o que estava acontecendo na tela, como Eliana Câmara. Ela estava acompanhando a filha e ficou impressionada com o que viu. “Foi algo contagiante ver as pessoas torcendo e vibrando”, dizia ela ao final da partida. “Eu cheguei a ver ela jogando (apontando para a filha) umas duas vezes, mas não tinha noção de que era algo tão grande e com uma estrutura como essa”, conta.
Já a filha, Eva Lacerda, diz que começou a jogar LoL a menos de um ano e quando soube que a partida da final iria ser transmitida no cinema, preferiu conferir isso ao vivo. “Meus amigos que jogam comigo preferiram assistir em casa, mas vir aqui foi muito melhor”, comenta.
Acompanhar a partida em casa, via streaming no Twitch como acontece todo fim de semana, era um opção mais cômoda, sem dúvida, mas quem estava ali no cinema pode comprovar que a final terá um algo a mais para ser lembrado.
O Lolzin no cinema foi como assistir a uma partida de futebol naquele bar que todos se reúnem. Claro, dada as devidas proporções. Mas o espírito era o mesmo e com as vantagens de estar em um lugar climatizado e com o conforto das poltronas da sala.
Agora é torcer para que a Riot volte a repetir a experiência na final da 2º etapa do CBLoL, que acontece em agosto e vai ser realizada em São Paulo no Allianz Parque, o estádio do Palmeiras. Talvez dessa vez em cinemas com tela Imax? Com óculos 3D? Tudo é possível.
INTZ campeã
Se assistir à League of Legend no cinema foi uma boa experiência, isso foi muito reflexo do que era transmitido na tela. A final dessa primeira etapa do CBLoL, o principal evento de eSport aqui no Brasil, tinha como protagonistas duas equipes em ótimas fases.
De um lado a Keyd, já uma das mais tradicionais equipes de LoL do país e com dois coreanos entre seus integrantes, Emperor e DayDream. Do outro a INTZ, com menos de um ano de existência e participando de sua primeira final oficial, mas que vinha em uma ascensão meteórica e contava ainda com Gabriel “Revolta” Henud, considerado por muitos como o melhor jogador de LoL no momento.
O que se viu na final, no entanto, poucos poderiam prever. A INTZ massacrou a Keyd por 3 a 0, com cada um dos jogos mostrando a força da equipe, tanto em talento de jogadores como de tática do time. Abaixo você vê os melhores momentos da final.
A se sagrar campeão da CBLoL, o INTZ conquistou o prêmio de R$ 60 mil, mas terão pouco tempo para comemorar. Com o título, o time vai representar o Brasil em outro torneio, o International Wild Card Invitational, na Turquia, que começa já nesta segunda-feira (20).
Nessa nova competição, os brasileiros buscam uma vaga no Mid-Season Invitational, principal evento de League of Legends nesse primeiro semestre e que vai acontecer nos EUA.