Esta tecnologia permite controlar a realidade virtual com seus olhos sem cansá-los
A realidade virtual parece estar mais próxima de chegar a um público mais amplo. Eu realmente torço que isso aconteça: já experimentei o Oculus Rift e o HTC Vive, e fiquei impressionado. Ver conteúdo nesses headsets é ótimo; controlar uma interface neles, nem tanto.
A Eyefluence acredita ter uma solução: em vez de botões e controles físicos, por que não usar apenas seus olhos? Ela convidou a imprensa para testar sua tecnologia iUi, que usa o movimento dos seus olhos para mirar em itens e realizar comandos.
A empresa não revela todos os detalhes de como funciona o controle da interface, mas a CNET diz que você não realiza comandos piscando os olhos. Aparentemente, é preciso apenas olhar por algum tempo para um botão a fim de ativá-lo.
Usar os olhos dessa forma parece cansativo, mas como explica o TechCrunch, a tecnologia da Eyefluence exige pouca energia mental para navegar por menus: “descobri que eu estava inconscientemente fazendo os movimentos que me levariam para a próxima tela, só porque era exatamente o que eu esperava acontecer”. Para a CNET, “às vezes dá a sensação de ser telepatia”.
O The Next Web testou a tecnologia da Eyefluence embutida em um headset Oculus Rift, e diz: “ele adivinhou minhas intenções e o que eu queria fazer com meus olhos. Quando eu olhava para longe ou piscava, a demonstração ainda funcionava. E ele sabia quando eu realmente queria controlar algo”.
Você não precisa manter seus olhos concentrados: a iUi sabe quando você está distraído e olhando para longe, porque calcula o ponto de foco da sua visão. Quando você quiser interagir com a interface, basta prestar atenção nela.
A iUi faz isso usando uma câmera que analisa a estrutura e cor do seu olho, a retina, a dimensão da pupila (que muda com as condições de iluminação), o tamanho das sobrancelhas e pestanas, a ponte do nariz, entre outros.
A tecnologia também serve para quem usa óculos. O repórter da CNET tem 9 graus de miopia e, ainda assim, a iUi funcionou praticamente sem problemas com ele.
O sistema usa uma placa de circuito flexível que custa menos de US$ 10 e cabe numa moeda de dez centavos. Como nota o TechCrunch, a tecnologia iUi poderia caber facilmente em headsets de realidade virtual para smartphones: em vez de pressionar botões físicos à frente do seu rosto, você apenas olharia para determinadas partes da tela.
As demonstrações da Eyefluence incluem procurar o Wally e usar os olhos para dar zoom na imagem; virar páginas de um livro com os olhos; e navegar por uma interface de botões.
Também é possível girar um globo com os olhos…
… e olhar para uma tela com 40 imagens diferentes flutuando em um espaço 3D, alternando entre elas.
Eles até criaram um joguinho de “acerte o castor” para demonstrar como é rápido usar os olhos como controles:
Jim Marggraff, CEO da Eyefluence, também demonstrou ao The Next Web como a tecnologia poderia ser útil para óculos de realidade aumentada, como o Google Glass. Ele não teve sucesso entre consumidores, mas pode ter um futuro no ramo empresarial, em atividades nas quais é interessante não usar as mãos:
Ele mostrou um heads-up display para um trabalhador de manutenção em uma plataforma de petróleo. Usando óculos de realidade aumentada, Marggraff podia ver uma lista de coisas a serem feitas. Ao olhar para cada tarefa, ele podia marcar rapidamente os itens já feitos.
E ele mostrou como você pode tirar uma foto de algo, olhar para ela e depois procurá-la na internet a fim de identificar o objeto. Dentro de um ou dois segundos, ele identificou uma foto de caixa de chocolates, e usou seus olhos para encomendar os chocolates na Amazon.
Vai levar algum tempo até que a tecnologia da Eyefluence chegue a dispositivos no mercado. Mas ela recebeu investimentos da Motorola Solutions, Dolby e Intel Capital, e parece bem promissora. O rastreamento de olhos não é novo – a Tobii vem fazendo isso há anos – mas pode ser decisivo para o sucesso da realidade virtual.
[The Next Web – TechCrunch – CNET]
Imagens por Eyefluence; foto por Medialab Katowice/Flickr