Ir ao dentista na pré-história provavelmente era um pesadelo
Se você acha que a experiência de ir ao dentista é assustadora, pense o quão ruim deveria ser uma consulta na pré-história. Não existiam analgésicos, ferramentas, e os preenchimentos eram feitos de alcatrão e fibras de plantas. Pelo menos é o que indica este dente humano de 13 mil anos encontrado na região montanhosa da Toscana, na Itália.
• Cientistas defendem que aldeões medievais mutilavam corpos para prevenir um apocalipse zumbi
• Esta é a aparência de um homem que viveu há 700 anos
O que é curioso é que alguém claramente mexeu nesses dentes. Por meio de observação pelo microscópio, os cientistas disseram que é evidente a modificação nos dentes, com raspagens e resíduos de fibras artificiais de plantas em seu interior. Eles podem ter pertencido a uma pessoa que visitou um dentista pré-histórico.
Os dentes eram caninos e incisivos, e a análise utilizou uma variedade de ferramentas que você provavelmente não gostaria que seu dentista usasse, como microscópios eletrônicos, scanners microCT (que são basicamente versões de laboratório de aparelhos de tomografia computadorizada dos hospitais) e outras técnicas de imagem. Os pesquisadores utilizaram a técnica do carbono para datar o material, procurando por traços de carbono radioativo. Utilizando microscópios, identificaram que as fibras dentro do dente provavelmente foram colocadas enquanto esse homem das cavernas ainda estava vivo.
Oldest tooth filling was made by an Ice Age dentist in Italy https://t.co/zRjMy1U1jI pic.twitter.com/qXcY5CHO7J
— New Scientist (@newscientist) April 7, 2017
“As modificações da superfície interna até a cavidade central, em adição a presença de betume e fibras orgânicas, são ocorrências incomuns entre caçadores-coletores do final do Paleolítico Superior, o que pede mais explicações”, escreveram os autores do estudo num artigo publicado no mês passado na American Journal of Physical Anthropology.
Então, isso era odontologia terapêutica? Talvez não, afinal, muitos desses grupos neolíticos modificaram seus dentes por razões que não estavam relacionadas com a saúde, segundo os autores. E podem existir muitas maneiras de raspar os dentes. No entanto, a presença de betume, uma espécie de alcatrão e anti-séptico natural, indicou aos cientistas que esse recheio poderia ter sido medicinal.
E se foi medicinal, é provavelmente o primeiro registro de preenchimento de dentes para fins terapêuticos. No entanto, modificações dentais em geral existem provavelmente mais de mil anos antes desses preenchimentos, como aponta a New Scientist.
Fique contente que suas visitas ao dentista não exijam que uma pessoa raspe o seu dente e coloque alguma substância lá dentro.
[The Journal of Physical Anthropology via New Scientist]
Imagem do topo: Internet Archive Book Images/Flickr