Eu gastei US$ 236 jogando Candy Crush Saga e preciso de ajuda

Não consigo entender. É apenas Bejeweled. Com doces. Qual é a grande sacada? Palavras inocentes de tempos melhores. Lugares melhores. Antes de eu começar uma deplorável jornada na App Store para baixar Candy Crush Saga. Agora, cerca de um mês depois, perdi pouco mais de US$ 230, horas de bateria e qualquer resto de dignidade. […]

Não consigo entender. É apenas Bejeweled. Com doces. Qual é a grande sacada? Palavras inocentes de tempos melhores. Lugares melhores. Antes de eu começar uma deplorável jornada na App Store para baixar Candy Crush Saga. Agora, cerca de um mês depois, perdi pouco mais de US$ 230, horas de bateria e qualquer resto de dignidade. Olá, meu nome é Ashley Feinberg e eu tenho um problema com Candy Crush.

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Mas eu não sou a primeira pessoa a sofrer com isso. Para aqueles que ainda não experimentaram Candy Crush, o jogo é gratuito. Ele não custa nada para ser baixado, nem para ser jogado. Teoricamente. Mas a realidade é bem mais complexa.

Em Candy Crush, você ganha cinco vidas e, assim que perder uma, precisa de 30 minutos para ganhar outra. Assim, se você perder todas as cinco rapidamente, precisará de duas horas e meia até ter todas de volta. Mas se você clicar em Try Again, você encontra a opção de pagar uma pequena taxa por um novo conjunto de vidas. São apenas US$ 0,99, você pensa. O que há de ruim nisso? Apenas uma vez não vai me prejudicar, eu estava tão perto de vencer a fase.

Mas nunca vai ser apenas uma vez. Passei semanas sem gastar dinheiro com novas vidas. Nada de itens especiais. Nada. Mas um dia fui vencida. Estava muito perto de passar para a próxima série de levels, estava presa na fase 66 por quase uma semana. Estava perto. E então cedi. Decidi comprar cinco movimentos extras oferecidos a cada vez que você perde uma rodada. E foi quando tudo começou a ir ladeira abaixo.

Me tornei uma escrava da força implacável dos micropagamentos de Candy Crush. Era tão fácil. Não parecia que eu gastava dinheiro. A maior parte dos gastos foi com novas vidas quando eu chegava a um momento de não aceitar derrotas. Mas, de vez em quando, como na vez que me vi xingando o mundo dentro de um vagão lotado do metrô por ter falhado na fase 79, também comprei movimentos extras. Apenas mais cinco e eu juro que consigo passar. Tenho certeza que apertei o botão “Play on” para comprar mais cinco vidas (por US$ 1 nas duas primeiras vezes… e depois por US$ 2) quatro vezes antes de chegar ao meu destino e guardar meu smartphone. E foi tudo em vão – eu não tinha vencido aquela fase.

Por causa de Color Bombs rodeadas por doces, eu sempre achava que estava próxima da vitória. E a parte mais assustadoras é que em muitas vezes eu estava mais perto do que imaginava. Apenas no deslocamento entre minha casa e o trabalho eu teria pelo menos uma hora para jogar, totalmente livre de compromissos e livre para gastar US$ 10. Fácil. Eu estava no topo do mundo. Mas nunca dava certo.

Na noite passada, decidi que era uma boa ideia contar os danos, considerando que jogo há quase um mês e já sonho com doces virtuais. Não tinha percebido ainda que estava em um lugar sombrio.

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Comecei a sentir vergonha. Não queria somar tudo, queria imaginar que nunca abri a conta do iTunes para checar isso. Mas eu somei. E deu cerca de US$ 236.

Mas agora acabou. Essa foi – eu espero – a última vez. Não sou dessas de falar em “paciência”, “sobriedade” ou “saber quando é uma boa hora de parar”, mas isso foi longe demais. Espero que essa admissão pública seja o suficiente para minha consciência ficar envergonhada da próxima vez que sentir vontade de apertar o “Play on”. E se você nunca jogou Candy Crush, evite jogar. Não vale a pena.

Poderíamos falar que o vício em Candy Crush é um caso de saúde pública? A questão foi levantada pelo antigo editor-chefe do Gizmodo Brasil, Pedro Burgos. E talvez seja sim – não só Candy Crush como vários outros jogos similares que são extremamente viciantes e aos poucos consomem nossa vida e nosso dinheiro sem que a gente se dê conta do que está acontecendo.

Obrigada a todos que ouviram minha história patética. E lembrem-se, amigos – fiquem longe de Candy Crush.

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