Galáxias anãs cheias de matéria escura são encontradas orbitando a Via Láctea
Cientistas de todo o mundo trabalham há décadas usando telescópios espaciais cada vez mais potentes, por isso é um pouco chocante quando descobrimos coisas novas no universo próximo – especialmente se tratando de até nove galáxias que, até então, eram desconhecidas.
Uma equipe de astrônomos na Universidade de Cambridge (Reino Unido) identificou diversas galáxias anãs que orbitam a Via Láctea. Elas estão perto da Grande e Pequena Nuvem de Magalhães, duas galáxias anãs conhecidas há mais de cem anos.
A descoberta é relevante porque o alto teor de matéria escura nas galáxias anãs – cerca de 99% – as torna ideais para testar nossas hipóteses existentes sobre ela.
Por enquanto, a matéria escura é um enigma: como explica a NASA, “temos mais certeza do que ela não é”. Primeiro, ela não emite radiação eletromagnética – ou seja, luz, ondas de rádio, raios X ou gama – e portanto não está na forma das estrelas e planetas que vemos. Ela também não é antimatéria (ou seja, não se cancela quando entra em contato com matéria), nem forma buracos negros.
Os cientistas sabem que ela existe somente porque veem os seus efeitos sobre a matéria luminosa. Acredita-se que a matéria escura forma a misteriosa estrutura oculta que une as diferentes partes do universo.
Segundo o Dr. Vasily Belokurov, um dos coautores do estudo:
Satélites anões são a fronteira final para testar nossas teorias da matéria escura. Precisamos encontrá-los para determinar se o nosso entendimento do cosmos faz sentido. E descobrir um grande grupo de satélites perto das Nuvens de Magalhães foi surpreendente, pois pesquisas anteriores do céu meridional encontrou muito pouco – por isso não esperávamos encontrar tal tesouro.
“A descoberta de tantos satélites em uma área tão pequena do céu foi completamente inesperada”, disse Sergey Koposov, o principal autor do estudo. “Eu não podia acreditar nos meus olhos.”
Os resultados foram possíveis graças à Dark Energy Survey, um projeto de cinco anos que usa a Dark Energy Camera, uma câmera de 570 megapixels instalada no telescópio Victor M Blanco nos Andes, no Chile.
A equipe está confiante na identidade de três das nove galáxias anãs, mas as seis restantes poderiam ser galáxias anãs ou aglomerados globulares – que têm propriedades visuais semelhantes, mas não dependem da matéria escura para existirem. Será necessária uma futura análise espectroscópica para determinar qual é o caso. [Universidade de Cambridge]
Foto por slworking/Flickr