Como a Intel quer levar o PC para um futuro 2-em-1
Aconteceu hoje a disputada apresentação da Intel no Centro de Convenções Internacionais de Taipei. A empresa oficializou o lançamento do Haswell, codinome da quarta geração de processadores Core; falou também do Bay Trail, para tablets e conversíveis de entrada; e sentenciou: de agora em diante, você não precisará mais escolher entre tablet e notebook – eles serão uma coisa só.
Tom Kilroy, VP executivo da Intel, conduziu a apresentação. Logo no início ele tratou de colocar o conceito de 2-em-1 (tablet e notebook) ao lado das investidas na computação doméstica que a Intel fez no passado recente, como a plataforma Centrino, netbook e ultrabook.
O momento, porém, tem suas diferenças. A maior delas é a velocidade com que a indústria está mudando. Nos tablets, em menos de um ano o Android passou o iOS em marketshare e o Windows 8 surgiu nas estatísticas; também no período, tablets menores, de 7″, passaram de 25% do mercado para mais da metade. Os smartphones cresceram, não só em tamanho: estima-se que, em 2013, serão vendidos 1,5 bilhão de unidades. “Grandes oportunidades”, segundo Kilroy, para uma nova era: a dos 2-em-1.
Nem só de conversíveis e híbridos vive (ou viverá) a Intel. No palco, também apareceu um smartphone equipado com o Atom “Merrifield”, novo SoC da Intel para smartphones com LTE integrado. Veremos frutos comerciais com essa plataforma no MWC 2014, em Barcelona.
Seu próximo notebook quer ser também um tablet
Os 2-em-1 começam com o Atom “Bay Trail-T”, novo SoC quad-core para tablets, conversíveis e híbridos que deve aparecer nas lojas já no final do ano com a promessa de oito ou mais horas de bateria e suporte a Windows 8 e Android — e, importante, começando em US$ 399. No palco, algumas demos ok, não muito empolgantes, como os jogos Candy Crush (Android) e Torchlight 2 (Windows), e um vídeo em Full HD rodando em um tablet Android.
A cereja do bolo, a quarta geração da linha Core, veio a seguir. Segundo a Intel, como este é seu primeiro sistema-em-um-chip para PCs, isto permitirá às fabricantes explorar o conceito 2-em-1 tão alardeado por ela. O SoC, codinome “Haswell”, recebeu melhorias no sistema de gerenciamento de energia, que passa a ser integrado, possibilitando alguns números impressionantes, como 9 horas de uso ativo e até 13 dias em standby. Eles também exibiram um tablet x86 sem ventoinha, o que agora aparentemente é possível! Porém não há estimativa de lançamento de um tablet assim – era apenas um protótipo.
Para as versões mais parrudas (TDP de 17 watts), a Intel desenvolveu a GPU Iris, com a recorrente promessa de ser tão boa quanto placas de vídeo dedicadas. A (desnivelada) comparação mostrada colocou um notebook com Haswell contra um de 2010, ambos rodando um jogo de 2013, GRID 2. O primeiro tinha desempenho legal, o segundo, praticamente em câmera lenta. Teve até piadinha do tipo “é difícil dirigir a 14 quadros por segundo”, mas, na real: pelo que vimos, parece que a Iris ainda não chega lá.
Tivemos a oportunidade de vê-la em ação no estande da Intel. É bacana: o jogo roda liso, em alta definição e alguns efeitos avançados de partículas podem ser vistos. Mas uma olhada mais atenta revela serrilhados e ausência de detalhes, problemas que qualquer placa de vídeo mid-range relativamente nova não apresenta.
A Intel também mostrou algumas demos de recursos que aproximam os sentidos humanos da computação: uma câmera com profundidade de campo da Creative, comandos por voz, e telas sensíveis ao toque – que passam a ser obrigatórias em ultrabooks da família Haswell.
Jogar Portal 2 com a webcam Creative Senz3D é divertido, embora bem desengonçado:
A câmera também consegue detectar você e colocar sua imagem em outro plano de fundo, tudo em tempo real. Mas esse chroma key de fundo de quintal é meio brega:
O futuro móvel da Intel
Mas voltemos ao que importa: vários ultrabooks e 2-em-1 com Haswell já foram anunciados por aqui e mexemos em alguns deles — esperem hands-on em breve. Também é palpável a alavancada que a Intel deu em sua presença nos tablets (que é claramente o novo foco da empresa) e smartphones, e impressionante o ponto a que conseguiram levar a arquitetura x86: TDP de menos de 10 watts, máquinas sem cooler.
Se até o ano passado o futuro da Intel parecia tenebroso, com a ARM batendo sem dó e roubando a cena em dispositivos móveis, hoje o cenário já é bem diferente — o que acaba validando o discurso de que mudanças (muito) rápidas estão acontecendo no meio. A Intel está trazendo os notebooks para esse mercado e mostrando que consegue ser competitiva onde, até ontem, ela não tinha relevância alguma. A briga vai ser boa.
O Gizmodo Brasil viajou para Taiwan a convite da Asus.