Microsoft enfrenta problemas para explicar as diferenças entre Windows 8 e Windows RT aos consumidores
Não é preciso saber todas as diferenças entre Windows 8 e Windows RT, só as mais importantes. Espera: você sabe que existem dois novos Windows, certo? Um para a arquitetura X86/X64 (Windows 8), outro para ARM (RT). Elas têm diferenças fundamentais e, faltando nove dias para o lançamento de ambas, seria bom alguém avisar os atendentes da Microsoft nos EUA.
A campanha de marketing da Microsoft para o novo Windows é grandiosa: especula-se que a empresa gastará US$ 1,5 bilhão para promovê-lo, com bastante foco no Surface, seu tablet. A princípio, apenas o Surface simples, com Windows RT, estará à venda. Nos oito países onde será lançado no próximo dia 26 ele já está em pré-venda, inclusive.
Há diversas pequenas diferenças entre o Windows 8 e o Windows RT, mas a principal delas é o suporte a aplicativos legados, ou aqueles que rodam na Área de Trabalho clássica. O Windows 8 suporta esses apps numa boa, como se fosse o Windows 7; o Windows RT, não. Quem usar um tablet com o RT ficará restrito aos apps modernos, os novos distribuídos através da Loja, a “app store” da Microsoft. Isso tem potencial para causar muita confusão.
Na época do anúncio dos novos Windows, Steven Sinofsky, da Microsoft, prometeu que a máquina de marketing e o pessoal de suporte da empresa iriam esclarecer essa e outras diferenças aos clientes. Com pouco mais de uma semana para chegar ao grande público, o novo Windows ainda causa confusão até entre aqueles que deveriam tirar dúvidas, os atendentes da própria Microsoft.
Sean Hollister, do Verge, entrou em contato com alguns atendentes da Microsoft para tirar dúvidas sobre o Surface. Fazendo-se de desentendido, ou se passando por um usuário médio que não tem nem ideia do que seja ARM, X86 e outros termos mais técnicos, perguntou a oito deles qual a diferença entre Windows 8 e Windows RT. As respostas foram preocupantes.
Metade não admitiu que o Windows RT é incapaz de rodar apps legados. Mas isso nem foi o pior. Várias respostas malucas, nomes errados (“Windows 8 RT”) e explicações completamente equivocadas foram passadas a Hollister. Um dos atendentes afirmou que é possível, usando a porta USB do Surface, instalar uma versão antiga do Office no Windows RT; outro, que dá para instalar o Steam e jogar os games da plataforma da Valve lá, mas desde que transferidos via USB. Teve um que disse que, por ser um tablet, não era possível instalar apps no Surface. O campeão foi aquele que insistiu efusivamente que o Windows RT é melhor que o Windows 8 em tudo.
No site do Surface há uma tabela que deixa claro que apenas o Surface Pro, equipado com Windows 8 e que ainda não está em pré-venda, é capaz de rodar “aplicativos da área de trabalho do Windows 7”. A empresa entrou em contato com o Verge e disse que, nos próximos dias, todo o pessoal de atendimento ao público, incluindo essa galera que disse as barbaridades acima, passará por um treinamento de 15 horas para estar apto a ajudar os clientes a escolherem um Surface ou computador/tablet novo com Windows 8.
Desde o anúncio da abordagem “sem comprometimentos” do Windows 8, o receio de que uma confusão do tipo se instauraria existe. Há poucos dias do lançamento, ele ainda pairar sobre a Microsoft. Ou ela se apressa para treinar (e bem!) seus funcionários, ou teremos muita reclamação no Twitter e devoluções do Surface com Windows RT a partir do dia 27. [The Verge]