Ninguém sabe o que aconteceu com o satélite de US$ 273 mi que veria buracos negros
No mês passado, o Japão lançou um satélite descrito como “essencial” para desvendar os mistérios do universo. Neste fim de semana, o objeto de US$ 273 milhões deixou um rastro de detritos, e simplesmente parou de responder.
O Hitomi foi lançado em 17 de fevereiro pela agência espacial japonesa JAXA. Trata-se de um observatório de raios-X em grande escala que se destinava a fazer de tudo, desde explorar alguns dos mistérios dos buracos negros até analisar a evolução inicial de galáxias.
Era para ser, nas palavras da JAXA, “a missão essencial para resolver mistérios do universo em raios-X”. Então, alguma coisa – uma explosão, uma colisão, ou algo completamente diferente – mudou a trajetória do Hitomi.
A situação estava inicialmente tão boa após o lançamento que a JAXA renomeou o satélite – anteriormente conhecido apenas como ASTRO-H – para Hitomi. “O termo ‘hitomi’ refere-se à abertura do olho, a parte em que a luz é absorvida”, explicou a agência. “A partir daí, hitomi nos lembra de um buraco negro. Vamos observar o hitomi do universo usando o satélite Hitomi.”
O observatório deveria despertar e começar a responder às comunicações terrestres neste fim de semana. Mas então o Joint Space Operations Center, que rastreia os detritos orbitando a Terra, anunciou que tinha visto pedaços do satélite no espaço neste sábado. As coisas ficaram ainda mais complicadas quando a JAXA confirmou que, bem depois de os detritos serem descobertos, eles ainda estavam recebendo mensagens do Hitomi.
Conceito artístico do Hitomi/JAXA
Estas mensagens de um satélite-fantasma (está aí uma ideia para um filme) não são tão assustadoras quanto parecem: equipamentos espaciais podem ser extremamente duráveis. Como explica Jonathan McDowell, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, os detritos não significam que o satélite foi completamente destruído.
Mesmo perdendo peças, o Hitomi poderia ainda ter os componentes essenciais para manter a transmissão. No entanto, se o satélite quebrado tinha alguma forma de responder, isso aparentemente acabou: ele não reagiu a nenhuma das últimas tentativas de entrar em contato.
A JAXA montou uma equipe de emergência para procurar o satélite e diz que ainda espera recuperá-lo. Eles não estão mais obtendo qualquer sinal do satélite desaparecido, mas a resposta curta que receberam pouco depois que ele começou a se quebrar, pelo menos, lhes dá uma boa dica de onde começar.
Foto: lançamento do ASTRO-H em fevereiro/Scott Porter, NASA