Cientistas descobrem fósseis de nova espécie semelhante à humana na África do Sul
Em uma câmara de sepultamento no fundo de um sistema de cavernas na África do Sul, uma equipe de cientistas descobriu 15 esqueletos parciais de uma espécie completamente nova e semelhante à humana.
A descoberta foi anunciada esta manhã por pesquisadores da Universidade de Witwatersrand, em Johannesburgo, e publicado na revista E-Life. Os pesquisadores batizaram a nova espécie de Homo naledi.
Lee Berger, o principal pesquisador por trás do estudo, diz à New Scientist que a espécie “não se parece tanto com a nossa”, mas sua equipe acredita que as características observadas nos crânio, mãos e dentes dos esqueletos o tornam parte do gênero Homo.
Eles certamente têm provas suficientes para extrair esse tipo de conclusão. A equipe descobriu 1.400 ossos e 140 dentes durante uma única viagem de campo para o sítio arqueológico. A equipe avalia que os fósseis poderiam remontar a até 3 milhões de anos – embora uma data exata ainda esteja para ser confirmada.
Uma descoberta tão grande em um único local é algo praticamente inédito para resquícios tão antigos. O grande número de ossos encontrados em conjunto sugere que os corpos podem ter sido deliberadamente deixados na caverna, o que por sua vez sugere que os humanos primitivos podem ter enterrado seus mortos. Embora mais estudos sejam necessários, a descoberta pode mudar a forma como pensamos sobre o comportamento humano antigo.
Berger afirma que milhares de outros restos ainda estão presentes na caverna. Ao invés de escavá-los todos de uma só vez, foi tomada a decisão de retirar o lote atual para a superfície e, em seguida, criar um projeto de maior escala para descobrir o restante ao longo dos próximos anos.
Os restos mortais que foram estudados até agora sugerem que o Homo naledi era uma criatura de aparência incomum. Sua pelve e ombro são, aparentemente, uma reminiscência de macacos que viviam há 4 milhões de anos, enquanto seus pés se assemelham ao Homo sapiens de apenas 200 mil anos atrás. Enquanto isso, o crânio era muito menor, contendo um cérebro inferior a metade do tamanho de humanos modernos. A equipe acredita que a criatura tinha até 1,5 de altura e pesava quase 45 kg.
A descoberta é claramente importante, embora alguns pesquisadores estão compreensivelmente cautelosos sobre o que ela pode nos dizer. Jeffrey Schwartz, da Universidade de Pittsburgh, por exemplo, diz à New Scientist que “os espécimes agrupados como Homo naledi representam duas formas cranianas”.
É necessário mais trabalho, seja para datar com precisão os achados, para escavar os outros restos, e para entender de forma mais detalhada o que sabemos sobre o Homo naledi. Isso não diminui sua importância, no entanto.
Talvez o mais importante é que a descoberta serve para nos lembrar que o solo ainda tem uma quantidade enorme de fósseis para nos oferecer – e muito para nos ensinar sobre a rica história de nossos antepassados.
[E-Life via New Scientist]
Imagem por Robert Clark/National Geographic; Fonte: Lee Berger, Wits, fotografado no Instituto de Estudos Evolucionários