O dia em que caí num golpe no Facebook
Poucos dias depois de Mat Honan ter a sua vida digital despedaçada por uma falha conjunta de Amazon e Apple, pude experimentar um pouco da frustração que ele deve ter sentido. Em menor escala, mas ainda assim. Acabei de cair num golpe do Facebook. Gravem aí no meu histórico essa mancha negra, mas é a verdade. Eu caí num golpe do Facebook.
Por melhor que seja a sua senha ou por mais atento que você fique enquanto navega, algo pode dar muito errado de diversas formas. No meu caso, foi uma solicitação de um contato confiável que deflagrou o golpe. Ela pedia para eu instalar o WhatsApp no Facebook — uma ideia nem de longe ruim; como passo muito tempo aqui, no PC, poder trocar mensagens do WhatsApp na aba ao lado me pareceu bem tentador e algo que fazia sentido. E, relembrando, o convite veio de um cara em quem confio bastante.
E ele também já era uma vítima. Como eu fui. Fomos vítimas e semeadores da discórdia, porque o app, o maldito app, no momento em que é “instalado” no seu perfil dispara solicitações para todos os seus contatos, automaticamente e sem avisá-lo.
Ainda estou tentando entender por que diabos o Facebook permite isso. Não consegui identificar nenhum caso de uso onde uma solicitação automática disparada para todo mundo na surdina no momento seguinte à instalação do app faça sentido. Não faz. Nenhum. Só aporrinha os usuários e abre espaço para golpes sacanas como esse. Não estou jogando a culpa em cima do Facebook, eu errei e admito; mas é o tipo de amenidade que poderia ser evitada com um simples bloqueio na API para esse tipo de comportamento.
A minha primeira atitude ao constatar o golpe, algo que qualquer um percebe na primeira tela pós-instalação, foi remover o app da minha conta. Depois, avisar meus contatos sobre o perigo; deu tempo para evitar que alguns caíssem no golpe, mas para outros já era tarde demais. Em seguida, expliquei como remover o WhatsApp falsificado do perfil.
O básico, mas longe de ser o ideal. Eu não deveria ter instalado aquilo para começo de conversa. Como “o cara do computador”, ou o cara confiável para esses assuntos, eu deveria dar o exemplo. Por outro lado, meio sem querer esse talvez possa ter sido, afinal, um grande exemplo. Estamos todos sujeitos a coisas do tipo, pode acontecer com qualquer um — até o Zuck já deixou escapar umas fotos íntimas na sua cria, culpa de um bug nas configurações de privacidade do Facebook.
Nas redes sociais, desconfie de tudo e de todos, seja quem for. Até de mim.