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Observatório brasileiro de asteroides faz financiamento coletivo para não parar

O hemisfério Sul pode ficar carente de um Observatório capaz monitorar os asteroides que passam perto à Terra desse lado do globo.

O hemisfério Sul pode ficar carente de um Observatório capaz de monitorar os asteroides que passam perto da Terra desse lado do globo. O SONEAR, Observatório Austral para Pesquisa de Asteroides Próximos à Terra, é uma iniciativa de astrônomos amadores, instalado na cidade de Oliveira, em Minas Gerais, e está sem grana para se manter até o ano que vem.

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Embora o trabalho seja feito por entusiastas, o SONEAR é um dos observatórios mais importantes do hemisfério e um dos únicos capazes de realizar o monitoramento desses objetos por aqui. Ele, inclusive, já rendeu diversas descobertas importantes, a última delas neste ano, o asteroide 2017 NT5 – na lista de risco da NASA. Foi dessa iniciativa que surgiu também o primeiro cometa descoberto por brasileiros, o SONEAR C/2014 A4. O projeto funciona há quatro anos e até o momento localizou 28 NEOs (Near Earth Objects ou Objetos Próximos a Terra) e seis cometas. A lista completa e detalhada está aqui.

Cristovao Jacques, um dos fundadores do projeto, contou ao Gizmodo Brasil que custa entre R$ 8.000 e R$ 9.000 por ano manter tudo funcionando e que eles não recebem nenhum dinheiro de instituições ou governos. “O projeto é custeado pelos fundadores, eu, Cristovao Jacques, e João Ribeiro. Eventualmente, recebemos a colaboração do Eduardo Pimentel também. Portanto, 100% do custo de implantação e de manutenção é financiado com recursos próprios”, conta Jacques.

O SONEAR é um dos observatórios amadores mais eficientes em descobertas, considerando todo o mundo. Segundo os criadores, entre 2014 e 2016, eles encabeçaram a lista de número de objetos encontrados. Eles realizam monitoramento constante do céu noturno, e durante o dia uma programação com agendamentos que delimita as zonas do céu a serem monitoradas é realizada. Telescópios pré-programados e operados remotamente fazem imagens do céu, e então um software as analisa, separando o que pode ser importante. Depois, o grupo analisa todos os dados, e aquilo que realmente é valioso é enviado para a União Astronômica Internacional, para que astrônomos confirmem.

Tudo isso exige grana, e por isso os criadores tentam um financiamento coletivo pelo site Vakinha. Segundo eles, é gasto dinheiro com energia elétrica, manutenção e aquisição de softwares, aquisição de peças de reposição para os telescópios, entre outros itens. O objetivo é arrecadar R$ 17.000, para custear o biênio 2017-2018.

Jacques ressalta que a continuidade do observatório é importante, ou ficaremos às cegas sobre os objetos que passam perto da Terra no hemisfério Sul. “Este é um dos dois únicos observatórios no hemisfério Sul a fazer este trabalho de descobertas”, comentou. O outro observatório, a propósito, está parado, esperando peças de reposição para o equipamento.

Imagem do topo: SONEAR

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