Um programador brasileiro decidiu refazer Resident Evil 2 por conta própria
Com o recente relançamento em HD do remake de Resident Evil, a possibilidade da Capcom fazer o mesmo tratamento com Resident Evil 2, um dos preferidos dos fãs, começou a pairar no ar. Mas enquanto a empresa não fala nada a respeito, um brasileiro está, há mais de um ano, fazendo o seu próprio “remake” do segundo jogo. Esse é o Resident Evil 2 UDK.
A série Resident Evil não está entre as preferidas de Rodrigo “Rod” Lima. Fã de Zelda e Metroid, ele diz preferir até Silent Hill quando o assunto são jogos de terror. Mesmo assim, o programador de 34 anos não hesitou quando surgiu a oportunidade de “brincar” com o clássico Resident Evil 2 utilizando a Unreal Engine 3.
O resultado foi uma recriação bem interessante do clássico survival horror da Capcom, com gráficos remodelados e câmera ao estilo de Resident Evil 4.
Para quem se diz não tão fã assim de Resident Evil, Rod parece ter colocado bastante esforço nessa nova versão do jogo. “(Esse projeto) é só pra passar o tempo e pela curiosidade”, responde ele ao Gizmodo. Para Rod, esse “remake” (que ele não gosta de chamar assim) serve como um exercício para usar as ferramentas da Unreal Engine e aprimorar suas habilidades como programador.
Mas porque, então, escolher justo Resident Evil 2 para isso? Segundo ele, tudo começou por causa de um Youtuber. “Eu vi um vídeo de um youtuber (chamado) AlbertREWesker, que colocou modelos do jogo no UDK (Unreal Development Kit) e fez uns movimentos básicos”.
Rod já tinha certa experiência mexendo na engine por causa de um projeto anterior seu, em que ele começou a recriar Ocarina of Time também na Unreal (e que, infelizmente, ainda não foi finalizado). Por isso ele decidiu descansar um pouco das terras de Hyrule e ir para Raccoon City, refazendo os primeiros momentos de Resident Evil 2, até os personagens chegarem à delegacia. “Programei o rootmotion, adicionei a handgun, e fiz a câmera igual RE4 para ter um outro modo de ver RE 2, já que fazer em câmera fixa não muda nada para mim”, explica Rod.
Não só a câmera foi mudada, mas ele também incorporou elementos de outros jogos da série. “Como eu não gosto dos magic item box, programei o estilo do RE 0 para largar os itens no chão mesmo”. Rod fala que do Resident Evil 2 original, ele só utilizou os sons e as texturas dos itens do inventário.
Isso tudo foi feito em poucos dias pelo programador, mas como era um “passatempo”, ele só subiu um vídeo no youtube e largou de mão. O que Rod não esperava era que a sua versão de Resident Evil 2 começasse a chamar a atenção e fosse muito elogiada por fãs.
Isso que fez com ele voltasse ao projeto e tentasse refazer o jogo completo, mas vamos lembrar que Resident Evil 2 é formado por quatro cenários: Claire A/Leon B e Leon A/ Claire B (ou os famosos “CD do homem” e “CD da mulher”, como eram conhecidos na banca em que comprava jogos de PS1), o que daria um belo trabalho para se fazer. Mas Rod aceitou o desafio.
“Eu sempre quis programar um jogo do início até os créditos, e como (o projeto do) Ocarina of Time iria levar mais tempo, então fiz a Claire A”. O vídeo abaixo mostra o jogo completo com a irmã de Chris Redfield:
Rod decidiu voltar com a câmera fixa do jogo original (talvez para acelerar o desenvolvimento) e mesmo com alguns problemas nas sombras e iluminação, o resultado ficou impressionante, ainda mais por ele ter feito tudo sozinho.
E não foi só isso, nesse meio tempo também, ele adicionou ao jogo um modo co-op a parte, assim como no recente Resident Evil Revelations 2, onde é possível controlar os dois protagonistas do jogo lado a lado. Atualmente, Rod está trabalhando no cenário B complementar de Leon.
A essa hora os fãs de Resident Evil devem estar doidos para saber como podem experimentar a parte já pronta da Claire A, mas sinto informar que o único contato com esse remake será nos vídeos acima. “(O projeto) não está disponível em lugar nenhum e nunca estará”, declara Rod.
O motivo não é só por esse ser um “treino” para ele aprender a usar melhor a Unreal Engine, mas principalmente por causa do histórico de projetos de fãs que são impedidos pelas produtoras. “Basta ver o que a Nintendo fez com o jogo que um amigo aí fez só para aprender também”, fala, em referência ao remake HD de Mario 64 feito por um fã e que foi impedido de ser continuado pela dona do bigodudo.
O remake do clássico do Nintendo 64 era de graça, mas isso não impediu a Nintendo de tirar o jogo do ar mesmo assim. Por isso, Rod não quer que o mesmo aconteça com o seu projeto. “Ninguém pode impedir de fazer o jogo para nós mesmos, mas se eu liberar aí é problema”, diz.
Nós entramos em contato com a Capcom para sabermos uma posição da empresa em relação a essas iniciativas dos fãs, mas ela decidiu não se posicionar sobre o caso.
O jeito, então, é acompanhar o canal de Rod Lima, onde ele publica não só vídeos com os jogos prontos, mas também todo o processo de criação na Unreal 3. Uma boa pedida para quem queira também fazer um remake particular do jogo.