Tim Cook, da Apple, fala sobre Brasil, China e dá pistas sobre a iTV
Tim Cook, CEO da Apple, subiu ao palco da Conferência de Tecnologia Goldman Sachs e, por 45 minutos, falou de tudo: a briga de tablets vs. PCs, investimentos da Apple em mercados emergentes (como o Brasil), as condições de trabalho na China, e até pistas bastante claras sobre uma possível TV da Apple.
Cook não mencionou uma iTV, que circula em rumores há algum tempo, mas lembra: a caixinha Apple TV que a empresa vende é “um hobby”, só que “a Apple não faz hobbies como regra geral” – eles focam em poucos produtos. É que “nós sempre achamos que havia algo aí”, e se a Apple permanecesse neste mercado, poderia encontrar algo maior. Eles só precisam de “algo que possa chegar a um mercado principal para ser uma categoria séria”. É quase uma confirmação de que a Apple quer expandir sua presença na sala de estar, provavelmente com uma iTV – afinal, seria o passo mais lógico.
Sobre os mercados emergentes, o CEO citou explicitamente o Brasil: “nós focamos principalmente na China e, no ano passado, começamos a focar cada vez mais no Brasil, e em certo nível na Rússia”. Cook já havia prometido que investirá mais no Brasil. Para ele, os mercados emergentes são “críticos”: em três anos, o mercado de smartphones deve chegar a um bilhão de unidades, e 25% deles serão vendidos na China e no Brasil.
Cook sabe que, em mercados emergentes, a maioria tem celular pré-pago. Só que o iPhone no pré-pago é caro. O que eles andam fazendo para resolver isso? Ele diz que, no pós-pago, o iPhone passou a custar a partir de US$0 com subsídio, o que, segundo ele, “leva a preço menor no mercado pré-pago, então estamos cobrindo mais níveis de preço aí”. No Brasil, isso obviamente não aconteceu. Se somos tão importantes para a Apple, espero que, no futuro, vejamos preços civilizados por aqui.
Fábricas na China
Cook passou um bom tempo no palco falando sobre as fábricas na China, reiterando que “a Apple leva as condições de trabalho muito, muito a sério”, não importa onde seja. Ele explicou que centenas de funcionários da Apple ficam nas fábricas em tempo integral, e muitos dos altos executivos visitam as fábricas regularmente. O próprio Cook já trabalhou em uma fábrica de papel e outra de alumínio nos EUA, e não como executivo – pode ser que manter condições dignas nas fábricas da China seja algo pessoal para ele.
Sim, Cook reconheceu que nem tudo está perfeito, mas a empresa está se esforçando para melhorar: fornecendo cursos para mais de 60.000 funcionários, realizando auditorias em fábricas, combatendo o trabalho infantil e indo até os pequenos detalhes na hora da inspeção. Cook disse que está ansioso pelo resultado das auditorias da Fair Labor Association, feitas a pedido da Apple. Cook diz que esta é “provavelmente a auditoria de fábrica mais detalhada na história da produção em massa”.
E o que mais?
Cook ainda menciona o sucesso do iPad, dizendo que a Apple nunca vendeu 55 milhões de um produto tão rápido, e afirmando que o mercado de tablets vai ultrapassar as vendas de PCs. Mas ele lembra: “Isto não significa que o PC vai morrer; eu adoro o Mac! E o Mac ainda está crescendo, e eu acho que ele vai continuar a crescer”.
Sobre os preços da Apple, eis o que Cook tem a dizer: “O preço é raramente o aspecto mais importante… Eu acho que as pessoas, no fim, querem o produto ótimo.” Ele cita a Amazon e (indiretamente) o Kindle Fire, mas diz que os consumidores visados pela Apple “não vão ficar satisfeitos com um tipo de produto com funções limitadas”. Mas ele abraçou a concorrência, com uma ressalva: “Desdeque eles inventem seus próprios produtos, eu amo a concorrência”.
Cook ainda falou sobre Siri, iCloud, e sobre o papel do CEO na cultura da Apple. A transcrição completa, com todos os detalhes, está no link a seguir: [Fortune via Terra]
Foto por Valery Marchive/Flickr