A União Europeia anunciou um investimento de € 13,5 bilhões em pesquisa e inovação em tecnologia para os próximos dois anos. A quantia faz parte do programa Horizon Europe e, pela primeira vez, incluirá apoio financeiro para startups da Ucrânia.
O movimento é visto como um primeiro passo para uma maior integração da Ucrânia junto ao bloco de países da União Europeia. Apesar do cenário de guerra com a Rússia – espantando aqueles investidores mais cautelosos –, o país invadido ainda pode ser um interessante ativo para investimentos.
Em artigo publicado no TechCrunch, Dmytro Bilash, sócio-gerente da Digital Future – que apoia empresas da Ucrânia em mercados globais –, diz que o setor de TI (Tecnologia da Informação) ucraniano já era muito voltado para a exportação antes do conflito armado, fazendo seus principais negócios com a Europa e os Estados Unidos.
Porém, a partir da invasão russa, as startups do país precisaram se adaptar, adotando o trabalho híbrido e remoto, além de abrir escritórios na Polônia, República Tcheca, Alemanha e outros países europeus.
Segundo um estudo realizado pela Startup Bridge, cerca de 12% das empresas pesquisadas na Ucrânia fecharam as suas portas no último ano. Por outro lado, dois terços das startups que ainda operam no país estão voltando seus negócios para clientes globais.
Mesmo com o cenário caótico na Ucrânia, a área de serviços de TI do país cresceu 9,9% em 2022, em relação ao ano anterior, gerando receitas de mais de US$ 6 bilhões. O setor foi um dos poucos a crescer durante a guerra.
O artigo também ressalta que o ecossistema de startups cresceu rapidamente nos últimos anos. Até 2018, não havia uma única startup unicórnio na Ucrânia – empresas avaliadas acima de US$ 1 bilhão. Atualmente, pelo menos seis startups ucranianas estão nessa categoria.
Um exemplo de startup ucraniana é a Grammarly, que oferece o serviço de verificação de gramática online. A empresa já ultrapassou uma avaliação de mais de US$ 10 bilhões.
Além disso, o país também possui um banco de talentos com um total de 200 mil desenvolvedores de software — algo bem-vindo para muitos países que estão demandando esse tipo de profissional.
Para Bilash, a inclusão da Ucrânia no programa Horizon Europe não foi apenas uma ação de caridade. Ele diz que especialistas preveem que a economia do país se recuperará e que o investimento feito hoje trará dividendos nos próximos anos.
“A Ucrânia precisa apenas de uma mão amiga para fazer a recuperação do pós-guerra acontecer, para que os investidores encontrem muitas oportunidades para investir e colher os benefícios”, concluiu Bilash.