100 anos das bicicletas da Volta da França: um mapeamento da evolução do ciclismo
Existem poucos esportes profissionais tão ligados à tecnologia como o ciclismo. Uma bicicleta não é apenas um equipamento, como ski ou a raquete de tênis – é uma parceira em uma relação simbiótica entre máquina e atleta. E é impressionante ver como algumas peças da máquina mudaram tão drasticamente no último século, enquanto outras continuam praticamente idênticas.
Este ano marca a 100ª edição da Tour de France (a Volta da França), e é um ótimo momento para olhar para toda essa evolução da bicicleta de estrada. Nós observamos uma ótima coleção de bicicletas usadas durante a Volta da França em toda a história, cortesia de Emile Arbes do Le Blog de Velos Vintage, e adicionamos algumas outras encontradas na internet. A coleção começa do princípio, quando ser preparada para estradas significava usar a cera para bigode, até hoje, quando bicicletas são tão leves que ciclistas precisam pesá-las para provar que são legais.
Mas vale lembrar que não passamos muito tempo com foco na tecnologia contemporânea – isso é papo para outro post.
1903
Sessenta ciclistas competiram no primeiro Tour, e apenas 21 terminaram. Maurice Garin, foi o vencedor com a sua La Françaice de aço. Sua estrutura pesada contava com um tipo de pedal que havia sido inventado alguns anos antes.
1914
Uma geometria mais moderna estava emergindo uma década depois – observe o guidão mais reconhecível nesta Thomman-Joly pilotada pela estrela belga León Scieur, que venceu a volta em 1914 pedalando uma bicicleta bem parecida com essa. Também observe a bomba no assento – na época, os pilotos faziam a própria manutenção. Era contra as regras do Tour receber ajuda.
1924
O primeiro vencedor italiano, Ottavia Bottecchia, pedalava em uma AuTomoTo-Hutchinson durante sua vitória em 1924. Três anos depois, ele foi encontrado morto com uma fratura no crânio no acostamento de uma estrada com a sua bicicleta intocada. A sua morte permanece um mistério, mas muitos atribuem a capangas de Mussolini, com medo das tendências anti-fascistas de Bottecchia.
1930
André Leducq, que venceu o Tour em 30 e 32, pedalava uma Alcyon-Dunlop. Ainda sem marchas – é difícil imaginar alguém pilotando uma bicicleta com uma única velocidade próximo aos Alpes hoje em dia. O câmbio foi introduzido sete anos depois, em 1937, e antes disso os pilotos precisavam deixar a bicicleta para trocar a marcha.
1934-39
Antonin Magne venceu o Tour em 31 e 34, quando ele secretamente testou o primeiro aro “duralumínio” durante a corrida. Ele se esforçou tanto para disfarçar que pintou grãos de madeira no aro – a tecnologia era proibida na época.
1952
O vencedor do Tour de 1947, Jean Robic, pedalou esta Colomb-Clément em 1952. Veja as alças de aço – e agora estamos na era do câmbio! Robic também foi um dos primeiros ciclistas a usar um capacete após fraturar o crânio em 1944.
1962
Jacques Anquetil (visto acima com Eddy Merckx) venceu o Tour cinco vezes com uma Saint-Raphael-Helyett de 1962.
1967
Felice Gimondi – que venceu o Tour em 65 – pedalou uma Bianchi 1967 celeste por anos. Contemporâneos de Bianchi vão reconhecer suas iniciais – elas eram usadas nas armações FG Light da empresa.
1974
Eddy Merckx é provavelmente o ciclista mais conhecido do século XX – ele ganhou cinco vezes a Volta da França e se tornou um dos ciclistas mais vitoriosos da história. Há muito a ser dito sobre ele, mas é mais legal ver essas cenas de A Sunday In Hell, um documentário que cobre a corrida Paris-Roubaix de 1976.
1985
Laurent Fignon, com óculos, pedalava uma Gitane de aço na suas vitórias de 1983 e 1984. [Imagens via Flickr]
1990
Greg LeMond foi o primeiro ciclista não-europeu a vencer a Volta da França em 1986, e venceu pela segunda e terceira vez em 89 e 90. Aqui, você pode ver a pintura única dele – assim como seu pedal sem clip, o que se tornou comum no fim dos anos 80. [Imagem via C.Cal.Shoot]
1994
Esta foi a última vez que uma bicicleta de aço venceu o Tour, quando Miguel Indurain conquistou a sua quarta de cinco vitórias. Sua Pinarello de 9kg, segundo relatos, tinha apenas a marca Pinarello – na verdade, ela tinha sido construída por Dario Pegoretti.
1998
Estamos entrando na era contemporânea, com empresas experimentando bicicletas sem ser de aço, com materiais como fibra de carbono. A Bianchi Mega Pro XL Reparto Corse, de Marco Pantani, uma bicicleta de alumínio, foi a última bicicleta a vencer o Tour de France sem ser feita de fibra de carbono. Foi o fim de uma era.
1999-2003
Claro, Lance Armstrong perdeu seus títulos, mas a sua Motorola-Eddy Merckx de 1994 de aço acima é fascinante em comparação com suas outras bicicletas. Armstrong se tornou um early adopter de tecnologias contemporâneas de ciclismo, muitas vezes em parceria com a Trek. Ele foi o primeiro vencedor a usar uma bicicleta de fibra de carbono do começo ao fim e, em 2003, usou a bicicleta mais leve da história do Tour (uma Trek 5900 SL de 6,5kg) antes dos organizadores definirem um peso mínimo de 6,8kg.
2013
Alberto Contador, El Pistolero, venceu o Tour em 2007 e 2009 (e foi banido por um tempo por doping). Neste ano ele está de volta, mas precisa alcançar o líder Chris Froome. Contador é conhecido como um alpinista, e suas bicicletas são adaptadas para usar essa força – observe a sua Specialized Tarmac SL4, que torna mais fácil se manter se manter no grande anel em vez de reduzir a marcha em longas subidas. [imagem de topo via VeloNews]
Existem muitos modelos que não incluímos na nossa lsita – sinta-se à vontade para compartilhar nos comentários.
Imagens de 1903 a 1976 foram cortesia de Emile Arbes do Le Blog de Velos Vintage