1º cientista brasileiro a ir para o espaço fará experimentos com mini-cérebros

O biólogo Alysson Muotri está na vanguarda da neurociência. O experimento deve trazer descobertas importantes para a saúde de astronautas
fotografia do cientista alysson muotri
Imagem: UCSD Health Sciences/Reprodução

O pesquisador Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), nos Estados Unidos, vai se tornar o primeiro cientista brasileiro a ir para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). Ele parte na missão em novembro de 2024. 

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) anunciou a viagem na última semana, após um encontro de Muotri com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ministra da Ciência Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, no Palácio do Planalto.

Muotri é um dos biólogos brasileiros mais reconhecidos internacionalmente. Ele está na vanguarda da neurociência e da genética, fazendo experimentos com mini-cérebros: conjuntos de células neuronais criadas em laboratório que permitem estudar vários assuntos — de transtornos neurológicos ao cérebro de neandertais.

Segundo informações fornecidas por Muotri em entrevista ao G1, o biólogo deve passar 10 dias na ISS realizando experimentos com seus mini-cérebros em microgravidade. Um dos principais objetivos desta pesquisa é estudar como as células cerebrais envelhecem na ISS – e, consequentemente, estudar os efeitos da microgravidade no cérebro de astronautas.

O biólogo já enviou mini-cérebros para a ISS em 2019, em uma missão em que a NASA colaborou com a Universidade da Califórnia. Na ocasião, ele descobriu que as células cerebrais poderiam envelhecer o equivalente a 10 anos em apenas um mês. 

Os cientistas também já sabem que voos espaciais podem alterar a forma e o funcionamento do cérebro. Um estudo publicado em 2022, por exemplo, mostrou que astronautas apresentam um aumento da massa branca do cérebro após cinco meses longe da Terra.

O experimento de Muotri pode ajudar a entender de que forma a microgravidade causa alterações em um cérebro, e a descobrir como proteger os astronautas de possíveis alterações prejudiciais – como o envelhecimento acelerado. Estudar os efeitos dos voo espacial do corpo humano é, claro, essencial para o planejamento de futuras viagens de longo prazo, para Lua ou Marte.

Caso a viagem aconteça como esperado, Muotri vai se tornar o terceiro brasileiro a ir para o espaço. O primeiro foi Marcos Pontes, astronauta, engenheiro aeronáutico e atualmente senador pelo PL de São Paulo, que embarcou para a ISS em 2006. O segundo foi Victor Hespanha, engenheiro que ganhou um sorteio para participar do voo suborbital da Blue Origin em junho de 2022 – fazendo uma visita de médico à fronteira do espaço.

O cientista escreveu em sua página do Facebook que os “próximos passos incluem o envolvimento dos cientistas trabalhando no Brasil nesse projeto”. Mas muitos detalhes ainda não foram divulgados, como quem financiará a viagem até a ISS e como Muotri embarcará para o espaço – em uma missão privada da SpaceX, por exemplo?

Muotri e o MCTI não responderam ao pedido de entrevista do Giz Brasil até o momento de publicação deste texto, mas continuamos abertos para qualquer manifestação de ambos. Por enquanto, o biólogo revelou que outros membros de sua equipe na UCSD devem embarcar primeiro para a ISS.

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