Muitos de nós conseguimos nos lembrar de vários smartphones recentes rodando Android, iOS, Windows Phone ou BlackBerry. Alguns talvez lembrem de um híbrido de telefone e PDA feito pela Palm ou Kyocera. Mas aposto que você não se lembra do IBM Simon, o primeiro smartphone do mundo, que completou 20 anos neste sábado.
O Simon era tão avançado que as pessoas não sabiam como chamá-lo – quando ele chegou ao mundo, em 1994, o termo “smartphone” ainda não existia, e não seria incorporado ao nosso vocabulário por alguns anos. A IBM chamou o Simon de “telefone e comunicador pessoal”, com o objetivo de competir com os PDAs de empresas como Apple, Casio e Tandy.
Mas o Simon era diferente dos outros PDAs: ele conseguia fazer e receber chamadas telefônicas. Era o recurso que definia o dispositivo, tanto que inicialmente a IBM o promoveu como um telefone com funções de PDA. Do release da IBM de novembro de 1993:
De acordo com o gerente de desenvolvimento de produtos da BellSouth Cellular Corp, Rich Guidotti, o Simon representa o primeiro comunicador pessoal real porque foi projetado para ser um telefone celular – um dispositivo de comunicação – em primeiro lugar, e, em segundo, um computador.
Os recursos do avô dos smartphones eram bem limitado, considerando padrões de 2014: o Simon fazia telefonemas, recebia mensagens de pager, e enviava e recebia emails. Ele tinha calculadora, calendário e lista de contatos. Ele podia enviar e receber fax a partir de um teclado virtual ou uma stylus, para enviar desenhos ou anotações à mão.
Sim, uma touchscreen. A tela LCD do Simon tinha 4,5 por 1,5 polegadas, era iluminada do lado e meio verde. E também era sensível a toque dos dedos ou a uma stylus. Reviews da época diziam que a tela alta e estreita dificultava a leitura e resposta de faxes. A opção de responder as coisas à mão ajudava, e o teclado ainda contava com uma forma primitiva de previsão de escrita, mostrando uma pequena parte do teclado e oferecendo outras letras com base no que você já tinha escrito.
As diferentes telas do Simon. Fotos da coleção de Bill Buxton, da Microsoft Research
Infelizmente, as limitações da tecnologia de 1994 fizeram com que o Simon – com o tamanho de um alto-falante Bluetooth portátil, pesando 510g e com uma bateria que aguentava apenas 60 minutos de chamadas telefônicas – não caísse no gosto do público em geral. Quando foi lançado, ele custava US$ 900 com um contrato de 2 anos com a operadora BellSouth. Cortes subsequentes no preço levaram ele para os US$ 600, mas não era o suficiente. A BellSouth vendeu apenas 50.000 unidades do dispositivo, e a maior parte delas sofreu recall da IBM e foi destruída.
Ainda assim, é fascinante ver onde chegamos após a breve passagem do Simon pelo mundo. Ninguém tenta enviar fax pelo smartphone hoje em dia, mas os dispositivos que se encaixam nessa definição têm funções de email, calculadora e calendário, e todos são controlados por touchscreens.
E o Simon foi o primeiro dispositivo a enfrentar o problema que fabricantes de smartphones ainda tentam solucionar hoje em dia: o tamanho de tela perfeito. O review de 1995 da Home Office Computing já falava sobre essa questão que ainda nos causa problemas:
Pode ser que estejamos pedindo muito dos PDAs. Como, por exemplo, você consegue encaixar uma tela aceitavelmente grande em um objeto que supostamente cabe no seu bolso?
Em 2014, ainda estamos tentando descobrir isso.
Mas talvez o mais interessante de tudo seja a forma como nossa ênfase nas capacidades de smartphones mudaram. Em 1994, a IBM promovia o Simon como um telefone em primeiro lugar, mas com recursos adicionais adicionados à capacidade de receber e realizar telefonemas. Hoje, usamos nossos smartphones para emails, mensagens de texto e milhões de formas diferentes de mídias sociias – e, talvez, se for extremamente necessário, ligaremos para alguém.
Feliz aniversário de 20 anos, Simon. Foi você quem começou isso tudo.