20 imagens incríveis de instalações da era atômica
Este ano, fotos ultra-secretas do nascimento da bomba atômica foram enfim liberadas para o público. As imagens de como o governo dos EUA usou a tecnologia após a Segunda Guerra Mundial são tão interessantes quanto as do desenvolvimento da bomba.
O Departamento de Energia dos EUA só foi criado em 1977. Mas suas raízes estão em projetos supervisionados por vários outros órgãos, como o Corpo de Engenheiros do Exército e a Comissão de Energia Atômica, que foi nomeada para nos liderar ao futuro maravilhoso, limpo e movido a energia nuclear depois da guerra — mas que foi abolido na década de 1970, quando se percebeu o impacto ambiental e os perigos da radiação para humanos.
Há três décadas, a Comissão de Energia Atômica (ou AEC, sigla para Atomic Energy Comission) supervisionou uma ampla gama de projetos, desde colocar um “coração nuclear” numa vaca até a tarefa um pouco menos dramática de descobrir como projetar usinas seguras de energia nuclear.
O Departamento de Energia mantém um monte de fotos de arquivo da era do pós-guerra no Flickr, incluindo um álbum gigantesco de instalações afiliadas ao AEC, do Fermilab ao Acelerador Linear de Stanford. É um vislumbre de uma organização complicada e desajeitada, cujo legado varia de importante a moralmente indefensável. Abaixo, você encontrará algumas das fotos, mas veja também o enorme arquivo — sério, vale alguns minutos do seu dia.
Esta imagem de aparência inócua é, na verdade, histórica. Ele mostra o primeiro momento em que a energia nuclear estava sendo usada para gerar eletricidade — em 20 de dezembro de 1951, no Argonne National Lab, subúrbio de Chicago.
Este foi o lar de algo chamado EBR, ou Experimental Breeder Reactor (em português, reator regenerador experimental), que o laboratório descreve como “o primeiro reator a demonstrar o princípio de reprodução — criar ou gerar mais combustível nuclear do que foi consumido”.
Para abrigar estas atividades de pesquisa, foi necessário uma incrível trabalho de design e engenharia. Trata-se de uma era em que a arquitetura passava totalmente despercebida – talvez com exceção do Fermilab, também localizado nos subúrbios de Chicago, visto acima. Afinal, a pesquisa feita dentro dos edifícios recebia muito mais atenção do que as estruturas em si.
Então, quem foram os arquitetos e engenheiros que realmente planejaram estas instalações? À direita está Thomas Downs, o arquiteto-chefe de uma empresa chamada DUSAF, que foi criada para ajudar a projetar e planejar a construção do Fermilab. Ele está falando com Norman Ramsey, professor de física de Harvard, na frente de um modelo de um edifício em 1968.
O trabalho em curso dentro do Argonne foi surpreendente. Por exemplo, o laboratório se tornou o lar de uma máquina chamada ZGS, ou Zero Gradient Synchrotron (síncrotron de gradiente zero). Foi um acelerador de prótons que colocou o laboratório em destaque, graças à sua câmara de bolhas, onde se pôde observar neutrinos em movimento.
A estrutura acima é chamada de gerador de Cockcroft-Walton. É um circuito que foi utilizado para gerar as altas tensões necessárias em aceleradores de partículas. O fotógrafo Mark Kaletka tem uma boa descrição do que está acontecendo aqui: “as pernas são resistores (cilindros azuis), capacitores (donuts prateados) e diodos,” ele escreve no Flickr. “As cúpulas de prata no topo estão carregadas a 750 mil volts, o que acelera o hidrogênio ionizado no acelerador.”
Boa parte da missão da AEC foi desenvolver instalações para testar projetos de usinas nucleares. Em 1969, em Idaho, ela operou o Zero Power Physics Reactor — um reator nuclear de baixa potência que existia apenas para deixar os cientistas testarem diferentes projetos e maquetes de usinas reais de energia nuclear.
Esta parede de ranhuras quadradas dentro do ZPPR é um “conjunto crítico” onde o combustível pode ser inserido para testes no interior do reator. “Como o ZPPR era operado a uma potência muito baixa, os materiais não se tornavam muito radioativos, e eram usados várias vezes”, explica a equipe do Argonne.
“Esse recurso, combinado com o curto período de tempo necessário para montar um núcleo, significava que os reatores nucleares poderiam ser construídos e testados no ZPPR a cerca de 0,1% do custo de capital de construção de toda a usina”, diz o site do laboratório sobre sua história.
O Fast Flux Test Facility foi outro “reator teste” construído para testar projetos de usinas nucleares — desta vez em Richland, Washington. “O propósito original da instalação, embora não seja um reator reprodutor, era desenvolver e testar combustíveis avançados e materiais”, explica o DOE (Departamento de Energia dos EUA), bem como isótopos para pesquisa médica.
Aqui está o recipiente do reator FFTF, chegando num suporte de aço semelhante a um trenó.
A pesquisa feita nestas instalações de teste rapidamente trilhava seu caminho para virar uma usina em escala real, como este reator chamado Browns Ferry, no Alabama, visto aqui em 1970. Esta é a Unidade 1, o reator original. Ele ainda está em operação hoje, após uma reforma de US$ 1,8 bilhão em 2002.
Ao mesmo tempo, o AEC também estava supervisionando a construção de pesquisas de física de alta energia. Abaixo, um funcionário trabalha no Stanford Linear Accelerator (SLAC) — até hoje o mais longo acelerador linear do mundo. O acelerador foi, na verdade, uma colaboração entre o AEC, que o construiu, e a Universidade de Stanford, que forneceu o terreno e o opera hoje.
A montagem de um reator.
Esta foto mostra um 1972 fonte de radiação de alta intensidade para cobalto-60, o isótopo sintético produzido por reatores nucleares.
“Mais de 2.500 gramas de algas azuis híbridas com isótopos deuterados foram produzidas para uso por cientistas de Argonne na extração, purificação e caracterização de proteínas”, explica o DOE sobre essa vívida foto de 1972. Abaixo, um empregado inspeciona gafanhotos com uma lupa em 1958 — entretanto, a informação sobre o que era esse experimento acabou se perdendo.
“Os tubos de luz são usados para transmitir os flashes que ocorrem quando partículas de alta energia passam através de um cintilador de um tubo fotomultiplicador”, diz o departamento sobre esta imagem, também da década de 1970.
Você pode navegar por toda a galeria, que tem centenas de fotos, na página do Flickr do DOE.