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36 metros de arte em vídeo: provas finais da aula de telões da Universidade de Nova York

  Dan Shiffman não é como a maioria dos professores. Em vez de folhas Scantron e folhas almaço de prova, Shiffman prefere aplicar suas provas finais em uma parede de vídeo de 36 metros de largura que é o equivalente a seis displays 16:9 ligados de uma ponta à outra. 

Dan Shiffman não é como a maioria dos professores. Em vez de folhas Scantron e folhas almaço de prova, Shiffman prefere aplicar suas provas finais em uma parede de vídeo de 36 metros de largura que é o equivalente a seis displays 16:9 ligados de uma ponta à outra.

Sim, está na hora da prova final da Aula de Telões de Shiffman – é uma sexta-feira à noite, com vinho de graça – e eu estou ao lado de outras centenas de amantes de arte tecnológica como eu no lobby do prédio da IAC, uma criação em vidro curvo de Frank Gehry no lado oeste de Manhattan. Estamos de frente a uma tela de 36 metros que é equivalente a seis displays 16:9 dispostos um ao lado do outro e estamos fazendo o que ele nos manda fazer. Nós estamos obedecendo ao telão.

Ele nos manda bater palmas, nós batemos palmas. Depois nós batemos nossos pés e dizemos “la la la”. Depois mandamos mensagens de texto para ele, imbuídos com a antecipação de influenciar o que aparecerá em sua grandiosidade brilhante. Nós batemos palmas novamente para espantar uns pombos que pousam num cabo de energia que pendura sobre o seu enorme comprimento. Nós fazemos isso enquanto bebemos e tiramos fotos da ação, e tudo isso dá uma sensação muito boa – uma igreja tecnológica para telas maiores, cada vez maiores! Nós nos ajoelhamos!

Shiffman e seus estudantes precisam agradecer, em parte, ao povo da IAC pela sua sala de aula. Em vez de colocá-la num jardim ou num lobby grande e vazio, o conglomerado IAC de Barry Diller – que detém diversos negócios relacionados à Internet, tais como Ask.com, Ticketmaster, etc. – decidiu fazer uma das maiores paredes de vídeo do mundo. Ela é composta por 27 projetores orientados na vertical, ligados a um único display por um software da Spyder e irradiados sobre uma tela translúcida de forma a criar uma gigantesca imagem projetada:

Para a aula de Telões, a parede é alimentada por três Mac Pros dual-head, cada um controlando o seu próprio par de telas 16:9 (dividindo nove projetores para cada cabeça), compondo uma resolução total de 8160×768 pixels.

A aula faz parte do Programa Interativo de Telecomunicações  (ITP) da Universidade de Nova York, um curso de graduação de dois anos que ela universidade oferece desde 1979 e também a fonte de todos os tipos de curiosidades geeks. Shiffman – um mago da linguagem de programação gráfica chamada Processing que muitos dos estudantes usam para preencher a tela – já dá aulas desta matéria há dois anos. Processing tem sido usado em toneladas de clipes de música, visualizações de dados e arte interativa de vídeo, além de ser popular por causa da sua relativa simplicidade como maneira de transformar códigos em incríveis visuais.

                    

Ao conversar com os estudantes, fica claro que tal meio tão sem igual mal pode ser classificado como “tela” na maneira tradicional. O seu enorme tamanho, junto com a extrema proporção de aspecto, transformam a tela mais em um espaço físico do que qualquer coisa que remotamente lembre uma TV (mesmo uma com 150”). Ademais, não importa a resolução, pelo menos não no sentido de home theater. Claro, você pode fazer bastante coisa com 6 milhões de pixels, mas não foi por isso que você veio ver esta tela de 36 metros de largura.

A interação é a chave, como você pode verificar nos vídeos abaixo. Mooshir Vahanvati criou uma enorme extensão de 36 metros de cabos de força com pássaros que se empoleiram quando está quieto e debandam quando os microfones captam um ruído muito alto:

Vikram Tank criou um condutor de seis painéis que sincroniza as palmas, os estalos e os la-la-las da multidão:

As “Cavernas da Admiração” de Matt Parker pegaram um vídeo da multidão a partir de uma câmera IP e o torceram até virarem uma paisagem íngreme com Processing – parte iTunes Visualizer, parte Grande Desfiladeiro de Marte:

Alejandro Abreu Theresa Ling combinou silhuetas na tela com as sombras de atores de verdade por trás da tela para criar três vinhetas do passado mais depressivo de Chelsea:

Shiffman usa os controles no fundo da sala com um enorme sorriso no rosto; ele talvez seja a única pessoa capaz de dar aula para esta turma. Ele é o autor principal da biblioteca “Most Pixels Ever” para o Processing, o que permite que projetos sincronizem-se ao longo de múltiplos displays se forma suave e sem lag – e não só para o seu monitor duplo. O Most Pixels Ever é incrível porque ele é capaz de lidar com os 6 milhões de pixels da parede de vídeo na IAC sem piscar e, sem ele, esta aula não existiria da maneira como ela é hoje. Todos os nerds fanáticos por arte tecnológica (ou tecnologia artística) o agradecem enquanto saímos estupefatos pela porta.

 

“Para os alunos é uma experiência tão completamente única – é única para qualquer um, seja você um aluno de graduação ou um designer profissional. Poucas pessoas no mundo têm a chance de trabalhar com qualquer coisa desta escala, e o que é melhor é que eu posso dizer a eles que eles podem fazer o que quiserem”, diz ele. “Você aprende um mundo de coisa sobre produção técnica do trabalho e também sobre o que significa visualmente trabalhar nesta escala”.

“Eu não consigo imaginar que, quando a IAC fez esta parede eles poderiam imaginar as performances com atores jogando sombras por trás da tela, isto é fantástico”.

 

As demais aulas do ITP estão fazendo o seu show de fim de semestre nesta semana em Nova York; descubra mais aqui e aguarde a nossa cobertura mais pro fim desta semana. [ITP on the Big Screen]

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