Há algum tempo, divulgamos a previsão de que a banda larga móvel iria, este ano, ultrapassar a banda larga fixa no Brasil. Pois é, a previsão estava quase certa: o número de acessos na rede móvel ganhou da internet via telefone e cabo já em 2010, saltando de 8,7 milhões de acessos para 20,6 milhões em apenas um ano. Mas tem um detalhe importante aí.
Os números ficaram assim: até o final de 2010, foram 13,6 milhões de acessos na banda larga fixa, e 20,6 milhões no 3G, tanto via smartphones como por modens. Mas os smartphones são maioria: dos acessos à rede 3G no ano passado, 71% foram feitos do celular.
Ou seja, essa “vitória” do móvel sobre o fixo não quer dizer que estamos de fato trocando de rede: como diz à Folha Percival Henriques, presidente da Anid (Associação Nacional para Inclusão Digital), quem tem 3G no smartphone quase sempre já tem banda larga em casa. E com o Plano Nacional de Banda Larga, a banda larga fixa deve ganhar peso, por ser priorizada pelo governo.
À primeira vista, pensamos que o crescimento da banda larga móvel pudesse ser canalizado para a inclusão digital, algo necessário se o governo quiser realizar projetos como a popularização dos tablets no Brasil. Mas Henriques lembra que “o tipo de demanda da pesquisa, da criança que acessa, da inclusão digital, ainda está na conexão fixa”.
Vale lembrar que o número de acessos não corresponde ao número de usuários: uma pessoa pode ter mais de um acesso, e um acesso pode atender mais de uma pessoa. E, claro, nossa “banda larga” deveria ter aspas quase sempre, porque não é tão rápida quanto deveria. Mas os números mostram a tendência clara – e “natural”, segundo Henriques – da banda larga móvel chegar a mais pessoas que a conexão por cabo. [Telebrasil via Folha]
Foto por Julien GONG Min/Flickr