“A Era de Ouro” aposta em nostalgia com Donna Summer e Kiss, mas não empolga
“A Era de Ouro” é uma cinebiografia que retrata a vida de Neil Bogart, considerado o grande responsável pelo sucesso da gravadora Casablanca Records na década de 1970. O executivo foi responsável por apostar em uma série de artistas que se tornaram alguns dos maiores nomes da história da música.
Entre os artistas que lançaram discos pelo selo está o Kiss, banda que demorou a ser sucesso de vendas com gravações de estúdio. Bogart foi principal idealizador do álbum “Alive!”, o primeiro ao vivo da banda, e que foi o grande responsável por transformar o grupo em uma das maiores lendas do rock mundial.
Donna Summer é outra das apostas certeiras do produtor, que foi um dos primeiros nomes da indústria a enxergar potencial naquela que se tornaria uma das maiores vozes do século 20. The Isley Brothers, George Clinton e Village People são mais alguns dos artistas influentes que passaram pela Casablanca.
Biografia, mas com algumas maquiagens
Embora seja uma biografia, não espere algo muito fiel à realidade. Ele mostra que não possui nenhuma pretensão em ser 100% fidedigno aos fatos já na primeira cena. O início do filme (alerta de spoiler) retrata maneira bem exagerada como Neil Bogart transformou o clássico gospel “Happy Day” em um single pop.
O longa é escrito e dirigido por Timothy Scott Bogart, filho mais velho de Bogart, e soa quase como uma homenagem ao legado do pai. Claro, o filme não é tão “chapa branca” a ponto de não abordar as controvérsias e contradições do magnata. Mas ele não trata temas mais sérios com muita profundidade.
A produção traz o lado “executivo brilhante”, capaz de traçar estratégias mirabolantes para promover artistas, o lado “inconsequente e impulsivo”, que fez Bogart contrair dívidas milionárias — inclusive com chefões do crime organizado — logo após a fundação da Casablanca Records, e os problemas na vida pessoal, como a infidelidade à esposa que acabou rachando a família e o abuso de drogas.
O filme também faz uma escolha arriscada ao misturar drama com musical. Isso fato acaba quebrando um pouco a imersão na narrativa, que em alguns momentos é interrompida por um número musical — que, embora não sejam ruins, em alguns momentos parecem mal colocados.
No papel de protagonista está Jeremy Jordan, ator que fez a maior parte da carreira no teatro musical. Ele também chegou a atuar em alguns filmes, mas é mais conhecido pelos papéis nas séries “Supergirl” e “Law and Order”.
O elenco ainda conta com Michelle Monaghan, como Beth Bogart, famosa por filmes como “Missão Impossível 3” e “Pixels”, e Jason Isaacs (Al Bogatz), que você deve conhecer como Lucius Malfoy na saga “Harry Potter”. Vale ressaltar as participações especiais dos rappers Jason Derulo, como Ron Isley, e Wiz Khalifa, como George Clinton.
Críticos cenas com CGI ou chroma key podem se incomodar um pouco. Isso porque, principalmente, nas cenas de grandes shows — a exemplo do que aconteceu na grande cena do Live Aid em “Bohemian Rhapsody”, cinebiografia do Queen — as imagens aéreas do público estão longe de serem um primor.
Além disso, um ponto que é impossível não notar durante o filme é a peruca que tenta representar o cabelo de Bogart, que também passa longe do aceitável.
No fim das contas, o longa é uma grande homenagem ao legado de uma das figuras mais importantes da indústria fonográfica. A produção entrega nostalgia para os amantes da música, principalmente das gravações da década de 1970 e início dos anos 1990. Mas nada muito além disso.