A Terra não consegue pagar pelo novo acelerador gigante de partículas
Uma equipe de cientistas revelou designs técnicos para o Colisor Linear Internacional (International Linear Collider, ou ILC), uma proposta de acelerador de partículas que poderia nos mostrar os mistérios mais profundos do universo.
Com cerca de 30 km de comprimento, ele é cerca de 30% maior do que o maior acelerador de partículas do mundo, o Grande Colisor de Hádrons (LHC) do CERN em Genebra, na Suíça. Tamanho extra significa poder extra no campo de aceleramento de partículas, assim como capacidades extras em termos de amassamento de átomos. Físicos esperam que isso signifique uma jornada para entender o bóson de Higgs e a observação da matéria escura se encerre em breve.
Há apenas um problema: ninguém quer pagar os US$ 7,8 bilhões necessários para construir essa coisa.
Mas não é apenas o dinheiro que está segurando o ILC. A escala imensa da instalação significa que ele vai ocupar um terreno enorme, então a equipe de mais de 1.000 cientistas no mundo que trabalharam em seu design estão com dificuldades para encontrar um país para abrigá-lo. As montanhas do Japão parecem a localização mais provável do ILC no momento. E agora é quando os líderes do projeto vão começar a levar a sério a construção deste laboratório gigantesco.
“O Technical Design Report basicamente diz que estamos prontos para seguir em frente”, explicou Barry Barish, diretor do Global Design Effort do ILC, em um comunicado. “A tecnologia está aqui, os objetivos de pesquisa e desenvolvimento foram atingidos. Podemos começar a construção amanhã. Tudo o que precisamos é de uma declaração política clara, e há fortes indícios de que o Japão poderia concorrer para sediar o projeto.” Um dos colegas de Barish disse de maneira parecida que o ILC “deve ser o próximo na agenda de física global de partículas.”
Por que precisamos de um novo colisor?
Então ele é grande, caro e desajeitado. Mas pra que serve? Para simplificar, é para descobrir os segredos da existência. A física que você aprende na escola não explica nem 85% do universo que conhecemos. Isso porque cientistas atualmente acreditam que 85% do universo é feito de matéria escura, e os cientistas jamais conseguiram observá-la diretamente. (Ela não emite luz nem nenhum tipo de radiação eletromagnética.). E é por isso que todo mundo ficou tão empolgado quando cientistas do LHC na Suíça confirmaram a existência do bóson de Higgs no ano passado. A existência do bóson de Higgs prova que o Modelo Padrão de física não explica suficientemente como o universo realmente funciona.
Na verdade, ninguém sabe como o universo funciona. E é por isso que físicos e teóricos do mundo querem construir uma nova instalação que possa criar o bóson de Higgs e evitar que ele deteriore rápido demais, para conseguirem observar o comportamento das partículas. Pelo menos é isso o que eles dizem que vão fazer.
O mais empolgante, no entanto, é tudo que os físicos não têm nem ideia de que conseguirão fazer com um acelerador de partículas tão grande como o ILC. “No auge da operação, grupos de elétrons e pósitrons vão colidir cerca de 7.000 vezes por segundo em um total de energia de colisão de 500 GeV”, explica o press release, “criando uma onda de novas partículas que são controladas e registradas em detectores do ILC”.
Novas partículas?! Você consegue imaginar como nerds de física vão ficar empolgados se conseguirem uma descoberta do nível do bóson de Higgs por ano? Eles ficariam empolgados o suficiente para doar um dólar para construção do ILC?
Quem sabe. Mas poderia ter um Kickstarter para isso.
Interpretação artística de como um mapa do universo desconhecido deve ser
Todas as imagens via ILC