Pesquisadores do Imperial College London (Inglaterra) desenvolveram um “couro” feito de bactérias geneticamente modificadas. Além disso, segundo os cientistas, o couro sintético se tinge sozinho, sem uso de derivados do plástico.
A revelação do estudo acontece durante o abril laranja, mês que busca lembrar a prevenção sobre maus-tratos e crueldade contra animais.
O novo processo foi publicado na revista Nature Biotechnology. A tecnologia também poderia, teoricamente, ser adaptada para que as bactérias crescessem em materiais com várias cores e padrões vibrantes.
Daria ainda, de acordo com a pesquisa, para criar alternativas mais sustentáveis a outros têxteis, como o algodão.
Tom Ellis, do Departamento de Bioengenharia do Imperial College London, reforçou a importância do desenvolvimento da tecnologia ao ScienceDaily.
“Inventar uma maneira nova e mais rápida de produzir alternativas sustentáveis de couro autotingido é uma grande conquista para a biologia sintética e a moda sustentável”, disse.
Como o couro de bactéria foi feito
Os pesquisadores criaram a alternativa ao couro autotingido modificando os genes de a espécie de bactéria Komagataeibacter, que produz folhas de celulose microbiana.
As modificações genéticas “instruíram” os micróbios que cultivavam o material a também produzirem o pigmento preto escuro, a eumelanina.
Após 14 dias de crescimento, os cientistas submeteram o “couro” a dois dias de agitação suave a 30°C para ativar a produção do pigmento preto da bactéria e tingir o material por dentro.
Roupas mais verdes
Os pesquisadores e colaboradores acabaram de ganhar 2 milhões de euros em financiamento. A ideia é usar biologia de engenharia e celulose bacteriana para resolver mais problemas da moda, como o uso de cromo tóxico nas linhas de produção de couro.
Assim, tornando a cadeia produtiva da moda mais sustentável. Dessa forma, a equipe de pesquisa está agora experimentando uma variedade de pigmentos coloridos.
Até o momento, eles já conseguiram fazer uma carteira preta cultivando duas folhas de celulose separadas e costurando tudo depois. Além disso, eles trabalham para fazer crescer a parte superior de um sapato (sem a sola), cultivando uma folha de celulose bacteriana em um recipiente personalizado em forma de sapato.