Considerando a periodicidade da menstruação e o tempo que dura cada ciclo durante toda a vida fértil, uma pessoa que menstrua provavelmente vai usar mais de 11 mil absorventes em sua vida.
De modo geral, esses itens tocam diretamente a mucosa da vagina, uma região sensível que absorve facilmente aquilo que entra em contato. Os absorventes, por sua vez, contêm diversos componentes químicos que fazem o produto cumprir sua função.
Agora, um novo estudo publicado na revista BJOG: An International Journal of Obstetrics & Gynaecology identificou que muitas dessas substâncias químicas presentes nos absorventes podem afetar a produção hormonal das pessoas que os utilizam.
Entenda a pesquisa
O estudo consistiu na revisão de 15 pesquisas científicas publicadas anteriormente entre 2013 e 2023. As pesquisadoras Joanna Marroquin e Anna Pollack analisaram ensaios que testaram absorventes menstruais nos EUA, Japão e Coreia do Sul.
De modo geral, as pesquisas mediram a presença de substâncias químicas nocivas e também biomarcadores que evidenciaram a exposição das pessoas que utilizavam os produtos.
Segundo as cientistas, a revisão contou com poucos artigos porque ainda há poucas publicações disponíveis sobre o tema.
Na análise, elas descobriram que os absorventes menstruais disponíveis nos Estados Unidos contêm ftalatos, compostos orgânicos voláteis, parabenos, fenóis ambientais, fragrâncias, dioxinas e compostos semelhantes a dioxinas.
Muitas dessas substâncias são conhecidas como disruptoras endócrinas. Isso significa que os produtos alteram o funcionamento do sistema endócrino humano, ou seja, da produção de hormônios.
Ainda há pouco material com credibilidade científica sobre outros produtos utilizados por pessoas que menstruam, como calcinhas absorventes, coletores e discos menstruais. No entanto, as pesquisadoras esperam que mais cientistas trabalhem com o tema.
“Identificar substâncias químicas em produtos menstruais usados regularmente é importante, porque a exposição pode afetar a saúde reprodutiva de quem usa”, disse Marroquin, autora do artigo.
Por fim, em outubro de 2023, um projeto de leite sobre o assunto foi apresentado na Congresso dos EUA. O Robin Danielson Menstrual Product and Intimate Care Product Safety Act busca estabelecer um programa de pesquisa sobre os danos causados por substâncias químicas em produtos menstruais.