A realidade de empresas com capital aberto não é implacável apenas para funcionários, que devem lidar com a pressão de acionistas por margens maiores e eventuais demissões. Chega um momento que a chefia também passa pelo escrutínio dos “sócios” da empresa. E o último manda-chuva a passar por isso é Mark Zuckerberg, CEO do Facebook.
Segundo a Reuters, vários fundos de investimento públicos com ações do Facebook têm proposto que Mark Zuckerberg, que também é cofundador da rede social, deixe o cargo que ocupa. O argumento geral é que Zuckerberg não soube lidar com escândalos de alto calibre pelo quais a rede passou nesse ano. Fazem parte do grupo dos insatisfeitos: fundos de Illinois, Rhode Island e Pensilvânia.
• Parece que Mark Zuckerberg foi a razão para os fundadores do Instagram deixarem o Facebook
• O Facebook gasta uma baita grana com a segurança pessoal de Mark Zuckerberg
(Vale destacar que nos EUA alguns Estados contam com um administrador do tesouro e alguns deles investem em empresas de capital aberto; nesse caso do Facebook, os insatisfeitos são de Illinois, Rhode Island e Pensilvânia, além do fundo da cidade de Nova York).
Ainda que a movimentação seja incômoda para Zuckerberg, o fato é que essa oposição não deve surtir efeito no curto prazo. A proposta para uma eventual saída de Zuckerberg deve ser votada apenas em maio de 2019 durante um encontro com acionistas.
Em um documento, o fiscal de contas públicas da cidade de Nova York, Scott Stringer, diz que a “rede exerce um tamanho desproporcional em nossa sociedade e em nossa economia” e que por isso eles [os acionistas insatisfeitos] querem “independência” e a responsabilização da diretoria da empresa.
O grupo de acionistas argumenta ainda que a falta de um conselho de diretores independentes acaba contribuindo para que a empresa não lide apropriadamente com os escândalos que enfrenta. São citados como maus exemplos toda a questão da Cambridge Analytica e a questão das eleições presidenciais de 2016 nos EUA, na qual a rede é acusada de ter sido influenciada pela Rússia.
É importante ressaltar que o atual CEO da companhia detém 60% de poder de voto, de acordo com um documento publicado em abril deste ano. Então, imagine só se, por um acaso, a maioria dos acionistas aceita a proposta de tirá-lo do cargo e ele dá uma canetada e se recusa.
Independente dessa proposta, o fato é que está ainda longe de ocorrer algo com o cofundador da rede. Caso os resultados financeiros sejam altos no último trimestre deste ano e no primeiro de 2019, tudo isso pode acabar em pizza.
[Reuters]
Imagem do topo por scoblaizer/Flickr/CC