Agência reguladora examina conduta da Apple diante dos problemas de saúde de Steve Jobs
A tempestade que começou depois que o Gizmodo descobriu o verdadeiro estado da saúde de Steve Jobs – não obstante a trapalhada da CNBC e de Jim Goldman – continua a crescer. Agora a U.S. Securities and Exchange Comission (SEC, agência federal norte-americana que fiscaliza e regulamenta o mercado de valores mobiliários, comparável à CVM brasileira) examina a conduta da Apple, para “assegurar que investidores não foram enganados”, diz a Bloomberg:
Reguladores dos EUA estão examinando as manifestações da Apple sobre os problemas de saúde do Chief Executive Officer Steve Jobs, para assegurar que investidores não foram enganados, disse uma pessoa familiar com o assunto.
A inspeção da Securities and Exchange Comission não significa que os investigadores tenham visto evidência de mau procedimento, disse a pessoa, que se recusou a ser identificada, pois o inquérito não é público.
David Scheer e Connie Guglielmo, da Bloomberg, citam James Cox – professor de direito da Duke University em Durham, Carolina do Norte –, que diz não ser surpreendente a atitude da SEC, dada a pressão de acionistas e opinião pública. Desnecessário dizer, todo mundo está particularmente sensível ao trabalho da comissão, considerando o atual clima econômico e os últimos escândalos, como a suposta fraude de US$ 50 bilhões de Madoff.
Em 30 de dezembro de 2008, o Gizmodo publicou um artigo sobre o rápido declínio da saúde de Steve Jobs no ano passado, citando uma fonte 100% previamente confiável.
O rumor, que causou uma queda ab-rupta das ações da Apple, foi imediatamente respondido ao vivo na CNBC pelo chefe da sucursal da rede no Vale do Silício, Jim Goldman, que atacou a reportagem do Gizmodo, chamando-a de “lixo sem fonte” e argumentando que os investidores deveriam continuar a comprar ações normalmente porque suas fontes internas lhe contaram que Steve Jobs estava em “perfeita condição de saúde”.
No passado, Goldman trabalhou para Steve Dowling, ex-chefe da sucursal da CNBC no Vale do Silício, que hoje está no Corporate Public Relations (relações públicas corporativas) da Apple, sob as ordens da vice-presidente de Worldwide Corporate Communications (comunicação corporativa mundial), Katie Cotton. Cotton não fez comentários sobre a nossa matéria original, quando foi contatada 24 horas antes de ela ser publicada.
Logo antes da palestra da Macworld, Jobs confirmou os problemas em uma carta aberta à comunidade da Apple, na qual dizia que seus médicos acreditavam ter chegado ao fundo de seus problemas de saúde – um desequilíbrio hormonal – e que ele recentemente começara o tratamento para resolver a situação. Afirmava ainda que continuaria como CEO da empresa até sua recuperação total, na primavera norte-americana.
No entanto, em 14 de janeiro, Jobs admitiu que seus problemas de saúde eram piores do que ele pensara e abdicou da posição de CEO, com Tim Cook assumindo seu posto “temporariamente”.
A Bloomberg News afirma que a corrente de acontecimentos está fazendo algumas pessoas questionarem o modo como a Apple lidou com a revelação de informações que se acredita serem cruciais para o futuro da empresa e que, portanto, afetam seu valor. [Bloomberg News]