Álcool tem mais efeito em pessoas com ansiedade e depressão, diz estudo

Estudo sugere que pessoas com transtorno de ansiedade ou depressão têm maior risco de desenvolver vício em álcool, e vice-versa. Analise os detalhes
Álcool tem mais efeito em pessoas com ansiedade e depressão, diz estudo
Imagem: Vinicius Amnx Amano/Unsplash/Reprodução

Os efeitos do álcool, como euforia, ressaca e alcoolismo, são mais intensos em pessoas com transtornos de ansiedade e depressão. É o que mostra uma pesquisa da Research Society on Alcoholism, dos EUA, publicada na sexta-feira (28). 

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Os resultados mostram que essas substâncias afetam pessoas com distúrbios psicológicos com muito mais força que indivíduos que nunca tiveram esse tipo de doença, mesmo quando o consumo de álcool ocorre em quantidades exatamente iguais. 

O estudo comparativo pediu que 25,7 mil adultos norte-americanos relatassem seus sintomas ao consumir álcool e suas experiências com ansiedade e humor. Eles foram separados em três grupos:

  • Pessoas que enfrentam um quadro de transtorno internalizante, como depressão e ansiedade, atualmente (4.700 indivíduos) 
  • Pessoas que tiveram um diagnóstico semelhante no passado, mas estão em remissão (3.000 indivíduos) 
  • Pessoas que nunca tiveram esse tipo de transtorno (18.000 indivíduos) 

Ao computar os dados em uma análise estatística, os pesquisadores identificaram que as pessoas com transtornos internalizantes se tornam dependentes de álcool mais rapidamente que outras, mesmo quando o consumo ocorre em níveis parecidos. 

Assim, o estudo sugere que pessoas com transtorno de ansiedade ou depressão têm maior risco de desenvolver alcoolismo – e vice-versa. “Ter alcoolismo ou um transtorno internalizante aumenta substancialmente o risco de desenvolver o outro no futuro”, diz a pesquisa, que não se vale de marcadores biológicos. 

Paradoxo do dano 

Além da euforia e ressaca, pessoas com transtornos internalizantes também têm maior risco de virarem alcoólatras, mostrou a pesquisa. Segundo os dados, pessoas com distúrbios atuais ou em remissão manifestaram mais sintomas de alcoolismo que as que nunca tiveram essas condições mentais. 

A pesquisa usou os dados como exemplo do “paradoxo do dano”. Ou seja, as consequências negativas do uso de substâncias dentro de determinados grupos ultrapassam os danos causados pelas mesmas substâncias para outros. 

No álcool, o paradoxo do dano é especialmente verdadeiro. Pesquisas já mostraram que, embora o consumo seja maior entre as classes média e alta, são as pessoas mais pobres que sofrem os piores efeitos da bebida, como a mortalidade por doenças, por exemplo. 

Nos participantes com mais de um diagnóstico, a dimensão do paradoxo do dano foi maior. Segundo a pesquisa, isso significa que indivíduos com mais de um transtorno psicológico, como depressão e ansiedade juntos, têm maior tendência a desenvolver alcoolismo que pessoas sem esse diagnóstico. 

Outros fatores também se mostraram “altamente preditivos” para o alcoolismo, diz o estudo. São eles: 

  • pessoas mais jovens 
  • pessoas do sexo masculino
  • ter ensino superior 
  • ter um parente próximo com problemas com álcool 

Por outro lado, ser branco e ganhar até US$ 30 mil (pouco mais de R$ 150 mil no câmbio atual) ou mais por ano foram associados a um menor risco de alcoolismo. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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