Amazon não pagará autores por livro, mas por quantidade de páginas lidas

E se vivêssemos em um mundo onde autores recebessem os direitos autorais não com base em quantos livros eles venderam, mas em quantas páginas dos livros as pessoas leram? A ideia, que seria considerada um desastre há dez anos, é possível graças à tecnologia moderna e a Amazon começará a testá-la no mês que vem. […]

E se vivêssemos em um mundo onde autores recebessem os direitos autorais não com base em quantos livros eles venderam, mas em quantas páginas dos livros as pessoas leram? A ideia, que seria considerada um desastre há dez anos, é possível graças à tecnologia moderna e a Amazon começará a testá-la no mês que vem.

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A partir de 1˚ de julho, autores que se autopublicam pelo Kindle Direct Publishing — um programa da Amazon que permite a autores publicarem seus livros diretamente na plataforma de e-books da Amazon sem a necessidade de editoras — farão parte de um novo experimento.

Atualmente, a Amazon divide o lucro dos serviços de assinatura de e-books com os autores a cada mês (US$ 3 milhões só em junho), levando em conta o número que cada e-book é “emprestado” nos dois serviços do Kindle: o Unlimited, uma assinatura mensal de R$ 20 que permite aos assinantes acessar milhares de livros sem custo adicional, e Kindle Lending Library, um programa de “empréstimo” de livros para assinantes do Amazon Prime. No novo esquema que será testado, os autores serão pagos de acordo com o número de páginas lidas pelos usuários.

E como a contagem de páginas será feita, uma vez que muitos dos livros do Kindle mostram a porcentagem do livro em vez do número da página? Com a nova tecnologia Kindle Edition Normalized Page Count (KENPC v1.0, ou normalizador de contagem de página para Kindle) — essa nova métrica define qual página corresponde às porcentagens do livro, e ela é calculada de acordo com configurações padrão. Desta forma, autores não podem burlar o sistema reduzindo as margens ou aumentando o tamanho da fonte do livro. E além disso, leitores precisam gastar tempo o suficiente em cada página para que ela seja contabilizada como uma página lida.

Essencialmente, o que este sistema fará é premiar autores que são talentosos com ganchos que fazem com o leitor vire a página; livros que prendem os leitores. Como explica o The Atlantic, o esquema de pagamento também ajudará a neutralizar a ideia de que autores de livros longos ganham menos:

A carta da Amazon para escritores que publicam diretamente para o Kindle explicou que a fórmula mudaria devido à preocupação que “pagar o mesmo para todos os livros independente do seu tamanho pode não alinhar os interesses entre autores e leitores”. Mas Amazon é esperta: enquanto autores de grandes, longos e importantes livros sentiam receber menos pelo sistema de “pague pelo empréstimo”, eles não esperavam que a Amazon fosse levar a proposta deles um passo além. Em vez de pagar os autores de livros longos por página escrita, a Amazon vai pagar por página lida”.

O tamanho do livro será levado em consideração no novo sistema, mas de uma maneira sutil. Por um lado, autores serão incentivados a escrever livros longos que não sejam entediantes. Mas por outro, um autor de um livro rápido, um romance agitado de 100 páginas, por exemplo, pode ganhar mais, caso ele consiga deixar o livro um pouco maior sem perder a atenção do leitor.

De uma forma ou de outra, parece que autores não poderão mais dizer que não importa quantas pessoas leem o livro, mas, sim, quantas o compram. [The Verge, AmazonThe Atlantic]

Foto de capa: Zhao/Flickr

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