Amostras do asteroide Ryugu contém blocos de construção da vida, diz estudo

Primeira análise de amostras do asteroide reforça teoria de que elementos vitais para a vida podem ter chegado ao nosso planeta do espaço
Amostras do asteroide Ryugu contém blocos de construção da vida, diz estudo
Imagem: JAXA/Divulgação

Um grupo internacional de cientistas afirma ter encontrado materiais orgânicos nas amostras do asteroide Ryugu, coletadas pela sonda japonesa Hayabusa 2. A descoberta reforça a teoria de que componentes químicos necessários para o surgimento da vida na Terra podem ter tido origem no espaço.

As amostras foram coletadas no dia 22 de fevereiro de 2019, e chegaram à Terra no mês de dezembro de 2020. Desde então, o material foi analisado em vários laboratórios no Japão, na Europa, além da NASA, nos EUA.

As moléculas orgânicas são consideradas blocos para a construção da vida como conhecemos aqui na Terra. Elas são formadas a partir de uma série de compostos feitos de carbono combinados com hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, enxofre, entre outros.

Contudo, as moléculas orgânicas também podem ser produzidas através de reações químicas que não envolvem a participação da vida. As amostras do Ryugu demonstram que reações em asteroides podem produzir alguns dos ingredientes primordiais da vida — e, posteriormente, “semear” planetas e luas com esses materiais.

Acredita-se que a Terra em sua infância era quente demais para abrigar materiais orgânicos em sua superfície. Esses materiais devem ter chegado ao planeta depois, quando ele começou a esfriar, a partir da queda de asteroides e cometas.

Os blocos de construção da vida na Terra

A amostra analisada contém vários tipos de aminoácidos, além de compostos orgânicos que se formam na presença de água líquida. Isto inclui aminas alifáticas, ácidos carboxílicos, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e compostos heterocíclicos contendo nitrogênio.

De acordo com Hiroshi Naraoka, da Universidade de Kyushu, no Japão, essas moléculas podem ser transportadas por todo o Sistema Solar, sendo ejetadas da camada superior do asteroide por impactos ou outras causas.

“A presença de moléculas prebióticas na superfície do asteroide, apesar de seu ambiente hostil causado pelo aquecimento solar e irradiação ultravioleta, bem como irradiação de raios cósmicos sob condições de alto vácuo, sugere que os grãos superficiais superiores de Ryugu têm o potencial de proteger moléculas orgânicas”, disse Naraoka.

Segundo o estudo, publicado na Science, os aminoácidos de Ryugu são consistentes com o que já foi observado em certos tipos de meteoritos ricos em carbono. Por outro lado, açúcares e bases nucleicas (componentes de DNA e RNA) que foram descobertos nesses meteoritos ainda não foram identificados em amostras retiradas de Ryugu.

A NASA espera comparar as amostras do Ryugu com as do asteroide Bennu, coletadas pela sonda OSIRIS-REx e que devem chegar à Terra neste ano. “Espera-se que o OSIRIS-REx retorne muito mais massa de amostra de Bennu e forneça outra oportunidade importante para procurar vestígios de blocos de construção orgânicos da vida em um asteroide rico em carbono”, disse a agência espacial, em comunicado.

 

Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor e repórter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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