Batman Arkham VR: a realidade virtual mostra um lado pouco explorado do homem-morcego
por Bruno Izidro
Os primeiros minutos de Batman: Arkham VR não poderiam ser mais clichê ao mostrar a famosa morte de Thomas e Martha Wayne naquele beco de Gotham. Todos que leram as HQs, viram as várias versões no cinema e jogaram os games conhecem a cena. O momento, porém, ganha uma nova dimensão por um importante detalhe a mais: a realidade virtual.
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A imersão causada pela tecnologia nos faz sentir realmente impotentes enquanto vemos, pela perspectiva do pequeno Bruce, os pais serem mortos e o assassino se aproximar dele, dizendo que não vale a pena bancar o herói. Pouco tempo depois, lá estamos nós vestindo o manto e a máscara do homem-morcego com nossas mãos (sem braços) virtuais, olhando no espelho e tendo a estranha e satisfatória sensação de sermos, enfim, o Batman.
Claro que é a realidade virtual que faz de Batman: Arkham VR uma experiência impactante, mas por trás dessa primeira impressão é possível perceber que o ambiente em VR também é usado para apresentar o personagem não como o Cavaleiro das Trevas cheio de ação dos games de console, e sim como o maior detetive do mundo, o que deixa o jogo mais interessante.
Elementar, meu cara Batman
Como o nome entrega, Batman: Arkham VR faz parte da série de jogos Arkham, tanto que foi desenvolvido pelo mesmo estúdio, a Rocksteady. Por causa disso, ele é visualmente bem familiar e possui alguns aspectos já conhecidos. Os enigmas do Charada, por exemplo, estão presentes e ainda de uma forma não tão absurda e chata como nos jogos principais.
A trama, que acontece entre Arkham City e o recente Arkham Knight, mostra Batman investigando o desaparecimento de Robin e Asa Noturna, e cada fase apresenta um ambiente em que é preciso fazer uso dos gadgets tecnológicos do morcego à procura por pistas dos paradeiros deles. Isso faz de Arkham VR uma experiência única e exclusivamente de resolução de puzzles e exploração de cenário.
Ou seja, nada de sair dando sopapos em capangas como estamos acostumados nos jogos principais. Até há um momento mais de ação no jogo, mas a cena nem ao menos é mostrada, só se ouvindo os sons da luta. Isso faz sentido porque, com um visor de realidade virtual, qualquer movimento mais brusco poderia fazer muitos passarem mal. Afinal, o jogo é todo em primeira pessoa.
Essa mecânica de investigação também não chega a ser nenhuma novidade para quem jogou os Arkham de consoles e, verdade seja dita, os puzzles em Arkham VR não são nem um pouco desafiadores. Porém, a mágica do VR se faz valer e é justamente por estarem nesse ambiente que eles conseguem ser interessantes, prendendo o jogador.
Ao mesmo tempo, os puzzles e a exploração fazem Arkham VR ter mais cara de jogo do que as tech demos que essa primeira leva de experiências VR estão oferecendo. Pena que ele não foge do padrão de ser uma experiência curta e é possível terminar o jogo em pouco mais de uma hora. Pelo menos há conteúdos opcionais que podem fazer os fãs passarem algumas boas horas ali. Seja descobrindo os easter eggs do universo do morcego ou mesmo em atividades paralelas, como o desafio de acertas alvos com os Batarangues na batcaverna.
Em pé ou sentado?
Algo que chama a atenção em Arkham VR e só acontece por ele estar em realidade virtual é a possibilidade de jogar em pé ou sentado. Falando assim pode não parecer grande coisa, mas escolher entre um e outro impacta bastante na experiência. Sentado, muitas vezes há problemas para mexer em alguns objetos ou mesmo pegar seus gadgets do cinto de utilidades, já que, no game, o personagem está em pé. Isso faz com que tenhamos que ficar em posições estranhas com o PlayStation Move só para fazer um movimento que deveria ser simples.
Por essas dificuldades é que a melhor forma de jogar Arkham VR é em pé. O próprio jogo aconselha essa opção, mesmo que vez ou outra você saia da área de captura da PlayStation Camera. Fora que, em pé, é possível movimentar a cabeça mais livremente, podendo ver em 360 graus o ambiente. Sentado, é precisa apertar os botões do Move para virar e, mesmo assim, só 180 graus.
Em ambas as opções, porém, não é possível movimentar o personagem livremente, que só fica parado em um lugar e se locomove pelo cenário sendo teletransportando com o apertar de um botão em áreas pré-determinadas, o que não chega a ser um problema para a experiência geral do jogo.
Desde quando Arkham Asylum nos apresentou uma das melhores adaptações de super-heróis nos videogames, pensamos em Batman como o lutador hábil que enfrenta grupos de capangas com um combo atrás do outro, ou como a figura quase sobrenatural que voa pelos céus de Gotham com sua capa.
Já em Arkham VR, nos deparamos com o personagem em um necrotério, analisando um corpo com um mini raio-X, em busca de estilhaços de uma bomba. Por explorar essa faceta quase esquecida do homem morcego, e de uma forma que em que a realidade virtual só acrescenta para exaltar mais essa característica, Batman: Arkham VR é uma experiência tão única e interessante.
Batman: Arkham VR é exclusivo para PlayStation VR e mesmo com o aparelho ainda não lançado no Brasil, o jogo está disponível oficialmente no país, com legendas em português, por R$ 129. Para essa análise, testamos o jogo na VR Gamer, um espaço dedicado a jogos em realidade virtual que já falamos por aqui.