por Bruno Izidro
A vida na idade da pedra devia ser muito chata. Imagina ter que se preocupar todo dia em caçar comida e à noite ter que dormir em alguma caverna gelada e sem conforto. Fazer disso um jogo provavelmente não daria lá muito certo, por isso que em Far Cry Primal – que chegou recentemente ao PS4, Xbox One e PC -, os criadores da Ubisoft Montreal resolveram oferecer uma representação mais animada e empolgante do dia a dia naqueles tempos.
Tudo bem que ainda há cavernas e principalmente muita caça em Far Cry Primal, o que pode soar repetitivo pra quem já se aventurou nos games anteriores da série, mas até que perseguir tigres-dentes-de-sabre e mamutes empolga no início. No entanto, o que realmente chama a atenção no novo jogo é a habilidade de domar alguns desses animais selvagens de tempos pré-históricos.
O protagonista de Far Cry Primal é Takkar, um sobrevivente da tribo Wenja que possui o dom de controlar alguns animais selvagens, por isso ele é conhecido como “Mestre das Feras” e as usa com o objetivo de eliminar as tribos rivais da região. No total é possível domar e controlar 18 animais, mas antes de poder chamar lobos, ursos e tigres em seu auxílio, é preciso domá-los, atirando iscas pra distraí-los até chegar perto e acalmá-los, ganhando a confiança deles pra poder ser reconhecido como o seu mestre.
Já o controle sobre eles não chega a ser nada de sobrenatural, como passar a usar o corpo dos bichos. Na verdade cada animal chamado vira seu companheiro e pode receber ordens pra atacar inimigos. Em alguns, é até mesmo possível usar como montaria na hora do combate.
Tudo isso não é possível logo de cara no jogo. No início, só lobos e animais menores, como o Dhole (uma espécie de gato selvagem), estão disponíveis para serem domados, e um dos incentivos em continuar jogando é poder ganhar habilidades pra liberar animais mais selvagens e maiores, como os ursos.
Antes que alguém pergunte, não, o mamute não é domável e por boa parte da aventura a melhor coisa a se fazer é correr para longe, porque ele é certamente o animal mais forte e mortal de toda a idade da pedra. Porém, há uma habilidade onde é possível montar em cima de mamutes menores e causar destruição ao redor, algo que já existia em Far Cry 4 com seus descendentes, os elefantes.
Cada animal controlado possui três características: força, velocidade e furtivo. O Urso-das Cavernas, por exemplo, é muito forte, mas não é nem um pouco furtivo, o que faz ele perfeito pra um ataque mais direto ou para atrair a atenção dos inimigos e você se esquivar pegando-os de surpresa. Já a pantera, furtiva por natureza, pode ser usada pra eliminar cada inimigo na surdina, enquanto você se mantém escondido.
Porém o método preferido que eu utilizava pra tomar postos inimigos era usando a coruja. Ela é a única ave possível de controlar, na verdade ela é o primeiro que aprendemos a domar, e com ela temos uma visão aérea da região próxima. No começo do jogo, a coruja só serve pra localizar e marcas os inimigos, mas conforme você vai adquirindo mais habilidades pra ela, é possível atacar ou jogar bombas de insetos. Nada melhor do que ver todos desesperados enquanto você fica de boa, lá longe, só vendo a coruja fazer estrago.
A adição desse controle de animais é de longe o que mais agrada em Far Cry Primal. A nova mecânica realmente dá uma renovada no ritmo do game, fazendo com que abra possibilidades de como enfrentar inimigos e reivindicar o território das duas tribos rivais do protagonista: os canibais Udam e os atiradores de fogo Izila. Ambas possuem postos ou pequenas vilas por todo o território e é seu dever, claro, tomar pra si cada um deles.
Se por um lado controlar esses animais é o que há de melhor em Far Cry Primal, por outro essa característica também deixa mais evidente os demais problemas do game, porque tirando esse aspecto, o jogo fica com um gosto de mais do mesmo dos anteriores, só mudando a temática pré-histórica.
Pelo menos não há mais uma vez a figura de um antagonista excêntrico como Vaas, do 3, ou Pagan Min, do 4, porque aí já seria demais, mas muitas das estruturas desses jogos se repetem, até mesmo as famigeradas fases alucinógenas, que aqui são atividades relacionadas ao xamã da sua tribo.
Não é à toa que Far Cry Primal não é um título numerado da série. Alguns podem até dizer que ele serve como uma expansão prolongada do 4 (Inclusive descobriram que eles possuem mapas quase idênticos), mas pra quem não teve a chance de se aventurar pelos games anteriores, ainda vale a pena dar uma conferida. No final, a vida nos tempos das cavernas pode ficar bem mais divertida se podemos controlar animais selvagens e usá-los pra combater outros tribos ao nosso lado. Pena que até isso pode começar a ficar repetitivo com o tempo.
*Far Cry Primal está disponível pra PS4, Xbox One e PC. A cópia do jogo foi cedida pela Ubisoft.