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[Análise] Gears of War Ultimate Edition: novas engrenagens para veteranos de guerra

Por Bruno Izidro O sargento Marcus Fenix parece exausto. Ele e o Esquadrão Delta tinham acabado de aniquilar mais uma horda de Locust e não sabiam quantas vezes já tinham feito isso. Eles pararam de contar há pelo menos três horas de jogo. “Esse dia não acaba?”, reclamava o soldado. Como um veterano de guerra, […]

Por Bruno Izidro

O sargento Marcus Fenix parece exausto. Ele e o Esquadrão Delta tinham acabado de aniquilar mais uma horda de Locust e não sabiam quantas vezes já tinham feito isso. Eles pararam de contar há pelo menos três horas de jogo. “Esse dia não acaba?”, reclamava o soldado. Como um veterano de guerra, ele já tinha visto aquelas mesmas lutas anos atrás… e nós também.

Há quase uma década, Gears of War era lançado no Xbox 360 e fazia história ao provar do que aquela geração era capaz.  Agora o clássico da Epic Games ganha uma remasterização para Xbox One pelas mãos da The Coalition, o estúdio que ficou responsável pela série após a compra dela pela Microsoft.

Com a Ultimate Edition, que foi lançada recentemente para Xbox One, Gears of War ganha novas “engrenagens”, que até conseguem dar um novo ânimo para Marcus Fenix continuar a luta, mas os sinais de cansaço após tanto tempo ainda são sentidos.

Como já mostramos por aqui, a mudança mais evidente da nova versão está no visual. Mesmo que isso não o faça ser o mais bonito de Xbox One, ela ajuda bastante a não nos impactar negativamente com os gráficos originais, que não tiveram um envelhecimento dos mais agradáveis aos olhos, e deixar o jogo logo de cara. O problema é que essa “maquiagem” esconde um jogo com elementos que também já viram o melhor dos seus dias.

O Gears of War original foi uma das melhores experiências no começo da vida do Xbox 360, daquelas que impactavam pelos aspectos técnicos e uma mecânica que empolgava, fora ele influenciar boa parte dos jogos de ação que vieram depois com o sistema de cobertura. Já com a Ultimate Edition isso dificilmente vai se repetir. O tempo de nove anos só fez atenuar a estranheza de certos aspectos do jogo. Ficar segurando um botão pra correr? Ter que selecionar granadas para poder usá-las?

Fora outros defeitos que já existiam e que só são atenuados agora, como a inteligência artificial de seus companheiros de esquadrão, que faz com que eles fiquem parados atrás de paredes, sem dar um único tiro. Não foram poucas as vezes em que fui o “esquadrão de um homem só” no jogo. Isso faz com essa nova versão seja um desastre? Bom, também não chega a tanto.

A Ultimate Edition muitas vezes é como se tivessem dando uma armadura novinha em folha para um velho soldado. A empolgação pelo combate se renova com o algo novo, mas ele ainda traz consigo os maus hábitos, combatendo ondas e mais ondas de inimigos sem perceber que isso já não é tão efetivo nas engrenagens da guerra. Não é culpa dele, afinal ele foi criado para aquilo, mas agora são outros tempos.

Apesar de não conseguir disfarçar todas as marcas de quase dez anos do jogo, o que a Ultimate Edition traz de bom mesmo é o conteúdo que não estava na versão original. A começar pela própria campanha principal, que agora possui novas fases até então exclusivas da versão de PC de Gears, lançada em 2007. Elas são praticamente um arco inteiro completo, com outro cenário e com direito até a chefe.

Já o multiplayer é o que pode justificar a atenção dos jogadores por mais tempo. Isso porque ele traz a adição de modos que só apareceram nos jogos posteriores, como o Rei do Pedaço de Gears 3, e outros modos com pequenas arenas de 2 x 2. Fora o co-op da campanha principal, podendo ser local ou online. A única falta sentida é do famoso modo Horda.

O matchmaking não chega a ser lá dos melhores e nas minhas partidas cheguei a enfrentar gente de nível 12 enquanto ainda estava nível 2, o que me fazia morrer com dois tiros, enquanto precisava dar uma chuva de balas para derrotar alguém. A estabilidade, no entanto, está ótima, sem queda de conexão ou servidores lotados.

Para completar o conteúdo adicional, ao coletar as tags dos soldados mortos escondidas no cenário, são desbloqueadas histórias em quadrinhos que contam histórias paralelas e contextualizam aquele universo de Gears. Pena que, mesmo com o jogo recebendo localização em PT-BR, as HQs estão em inglês.

Uma versão de Gears of War para Xbox One era quase certa, principalmente após a The Master Chief Collection de Halo. Mesmo com a inclusão dos demais títulos da série (em versão digital de Xbox 360) para quem adquirir a Ultimate Edition (mas  até o dia 31 de dezembro), a remasterização só veio para o primeiro jogo, mas ainda assim ela tem o mérito de não ser só uma adaptação preguiçosa que estamos acostumados nos atuais consoles.

A Ultimate Edition é certamente uma medalha de condecoração pelos serviços prestados de Gears of War. Nem de longe ele vai trazer os veteranos soldados do Esquadrão Delta com a força que tinham nos tempos áureos, mas eles ainda podem dar um belo último grito de guerra.

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Gears of War Ultimate Edition está disponível para Xbox One a partir de R$ 139. A cópia do jogo para análise foi cedida pela Microsoft

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