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Seria Uncharted 4 um jogo perfeito?

Uncharted 4 segue forma clássica da franquia, mas com detalhes surpreendentes no meio do caminho. Não é um jogo perfeito, mas, com certeza, é fenomenal de se jogar.

por Bruno Izidro

Imagine um game que ao mesmo tempo é divertido de jogar, possui um visual estupendo, junto com controles bem sacados, história envolvente e personagens carismáticos. Tudo em um pacote só e de experiência bem única. Muitos diriam que esse seria um jogo perfeito. Outros identificariam muitas dessas características no recém lançado Uncharted 4: A thief’s End.

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Significa, então, que Uncharted 4 é um jogo perfeito?

Gráficos impressionantes

Não, ele não é. Por mais que os fãs esperneiem nos comentários da internet e por mais que toda a empolgação que envolve o título seja enorme, Uncharted 4 continua não sendo perfeito. Ainda assim muitas pessoas vão acreditar que ele seja, até porque – verdade seja dita – há muitos aspectos do jogo que realmente beiram a perfeição. Olhem o visual, por exemplo.

Gráficos há muito deixaram de ser algo determinante para qualidade de um videogame, mas é difícil não se impressionar com o nível de detalhe que só um jogo de grande orçamento como Uncharted 4 consegue alcançar. Demora até pra acreditar que tudo aquilo é realmente feito com gráfico em tempo real e não uma animação em CG. Ficar algum tempo admirando os cenários é algo que também se repete a cada novo ambiente e a cada novo local encontrado, seja montanhas, florestas, ruínas, cavernas, ou mesmo no fundo do mar. Não é a toa que existe um recurso de fotografia no game. O botão “share” do PS4, que serve pra capturar telas do jogo, nunca foi tão usado.

Porém, onde a perfeição gráfica realmente impressiona é nas animações e detalhes no visual dos personagens. As expressões corporais e na feição dos rostos é de um detalhe absurdo e possibilita eles ganharem ainda mais vida, serem mais críveis. Falando nisso, pela primeira vez em um jogo da série Uncharted parece que temos personagens realmente humanos. Não digo pelo fotorrealismo dos gráficos, mas pela construção e desenvolvimento das relações entre os protagonistas, em especial com Drake e o irmão Sam, que aparece de volta na vida dele após sair da prisão.

Inclusive, é por causa do irmão que Nathan vai mais uma vez se aventurar em busca de tesouros perdidos. É incrível como esse novo personagem, que nunca é citado nos jogos anteriores e aparece do nada, consegue ser tão bem construído e trabalhado. A relação dos irmãos realmente parece forte e nos convence. O mérito fica muito para as ótimas atuações de Troy baker, que faz o irmão de Drake, e o já conhecido Nolan North.

História previsível e detalhes surpreendentes

Só que Uncharted 4 não é perfeito. Eu repito isso porque, querendo ou não, ele tem falhas, como ser uma aventura bem previsível. Qualquer um que jogou os anteriores vai saber o que esperar do novo jogo. Aqui há mais uma vez uma cidade perdida a ser encontrada, de novo existe um vilão com um exército quase infinito de mercenários que só servem para ficar no caminho, e Nathan Drake vai ter um momento de quase morte a cada meia hora de jogo. Nesse aspecto, ele é um jogo que poderia cansar por seguir uma fórmula já batida. Um jogo perfeito não poderia ter isso.

E mesmo assim, dentro dessa estrutura já batida, Uncharted 4 consegue surpreender com pequenas novidades, nada muito grande, mas feitas de forma tão boa que são o suficiente para tornar a aventura ainda divertida de jogar, mais uma vez fazendo o imperfeito chegar perto da perfeição. Isso é o que realmente impressiona no jogo.

Por exemplo, não temos mais a sensação de que a aventura de Nathan Drake é um longo corredor em que somos guiados por ações pré-programadas. Ainda existe momentos assim no novo jogo, mas não são eles que sustentam toda a ação, porque são intercalados com outros trechos mais abertos, com cenários mais amplos e mais ênfase em exploração. E é aí que Uncharted 4 te prende.

Isso acontece na fase em Madagascar, onde Drake, o irmão Sam e Sully exploram uma espécie de savana africana com diversas ruínas, onde é possível achar pequenos segredos, enquanto enfrenta alguns inimigos no caminho. Isso também acontece quando Drake e o irmão se passam por “piratas”, explorando ilhas e descobrindo navios naufragados, com um quê até de Assassin’s Creed IV: Black Flag.

Interessante também foi a adição de mecânica de furtividade, que funciona incrivelmente e surpreendentemente bem. Isso é principalmente bem-vindo para diminuir as partes de tiro e de luta corpo a corpo, que de longe são os aspectos mais fracos de Uncharted 4. Tanto é verdade que o próprio jogo dá uma opção de assistência de mira para não deixar tudo tão chato na hora de atirar.

Já nos momentos furtivos, parecia que tinha voltado a jogar Metal Gear Solid 5: The Phantom Pain, porque rola até umas estratégias em como esgueirar atrás de inimigos e observar o padrão de rotina de cada um. Nessas partes, Drake pode identificar cada um dos mercenários, bem como se fosse o Snake mesmo, usa vegetação alta para passar despercebido ou fica esperando eles próximos das beiradas.

Com todas essas qualidades, Uncharted 4 é fenomenal de se jogar, mas ainda assim, ele não é perfeito e, na real, não precisa ser. A provável última aventura de Nathan Drake não precisa ser uma nota alta no metacritic somente para validar alguma opinião. Ele não precisa do rótulo de perfeição para ser justificado como um jogo incrível. Por tudo que consegue atingir, Uncharted 4 vai muito além de ser perfeito, porque ele talvez represente o ápice da atual geração de videogames.

Uncharted 4: A Thief’s End está disponível exclusivamente para PlayStation 4. A cópia do jogo para análise foi cedida pela Sony.

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