Ciência

Anfíbio gigante mais antigo que dinossauros é descoberto no Rio Grande do Sul

Fóssil é do início do período Triássico e foi encontrado em fazenda na área rural do município de Rosário do Sul, na região da fronteira oeste do estado
Ilustração sugere como seria o animal. Imagem: Márcio Castro/Unipampa

O crânio de uma nova espécie de anfíbio gigante foi encontrado por pesquisadores da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), no Rio Grande do Sul. Estima-se que o bicho viveu há, aproximadamente, 250 milhões de anos.

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Isso localiza a descoberta no início do período Triássico, antes mesmo dos primeiros dinossauros. De acordo com os pesquisadores, o fóssil foi encontrado em fazenda na área rural do município de Rosário do Sul, na região da fronteira oeste do estado.

O bicho ganhou o nome de Kwatisuchus rosai. “Kwati” em referência ao termo Tupi para focinho comprido (a cabeça do bicho era afilada como a dos crocodilos atuais). Já o “sobrenome” rosai homenageia o paleontólogo Átila Stock Da-Rosa, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

O professor Da-Rosa foi um pioneiro na localização de sítios fossilíferos desta idade, dentre os quais o local onde foi encontrada a nova espécie, bem como no seu estudo e proteção.

O estudo foi publicado na revista científica especializada The Anatomical Record. Além dos cientistas brasileiros, o trabalho contou com a participação de Tiago Simões, da Universidade de Princeton, e da paleontóloga Stephanie Pierce, da Universidade de Harvard.

Crânio do anfíbio gigante Kwatisuchus rosai. Imagem: Felipe Pinheiro/Unipampa

Como era o ambiente que o anfíbio vivia

Os pesquisadores descrevem o Kwatisuchus como um sobrevivente. “Viveu em um ambiente devastado pela maior extinção em massa da história do planeta”, explicou em um comunicado o paleontólogo da Unipampa, Felipe Pinheiro, que coordenou a pesquisa.

O cientista explica que os animais eram adaptados a condições de alto estresse ambiental, e, por isso, acabaram se tornando abundantes em todo mundo. “Eles nos ajudam a entender como as extinções afetaram o planeta e como podemos reconhecer seus efeitos atualmente”, esclarece.

Os temnospôndilos, grupo ao qual pertence o anfíbio, eram animais carnívoros e raramente pequenos. Além disso, eram abundantes em ecossistemas aquáticos, mas também tinham representantes terrestres.

Estima-se que os maiores poderiam chegar a quase 5 metros. Embora gigantesco para os padrões atuais, o Kwatisuchus, que tem um tamanho estimado de 1,5 m, era um temnospôndilo de médio porte.

“Este foi o grupo mais diverso de tetrápodes primitivos, com registro em todos os continentes da Terra”, conta o paleontólogo Estevan Eltink Nogueira, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).

Detalhes da descoberta

O crânio do Kwatisuchus foi descoberto em agosto de 2022. Em seguida, passou por um delicado processo de limpeza e preparação nas instalações da Unipampa.

“Estávamos encerrando as buscas no sítio após encontrar poucos fragmentos ao longo do dia. Foi quando notei o que parecia ser um pedaço de osso mais alongado, e apenas no momento de sua coleta é que percebemos que se tratava de um pedaço do crânio em perfeitas condições!”

Voltaire D. Paes Neto, pesquisador em uma parceria entre a Unipampa e a Universidade de Harvard

Após completamente livre da rocha, o animal foi estudado em detalhe e a nova espécie ganhou um nome. Assim, com seu estudo detalhado, os cientistas ficaram surpresos com o fato de que os parentes mais próximos de Kwatisuchus são todos encontrados na Rússia.

Segundo a pesquisa, essa semelhança mostra que as faunas brasileiras e russas tinham uma intrigante conexão em um passado distante.

“Naquele momento, os continentes estavam unidos em um supercontinente chamado Pangeia e a distância entre o Brasil e a Rússia era menor”, explica a ecóloga e paleontóloga Arielli Fabrício Machado, pesquisadora da Unipampa, em parceria com a Universidade de Harvard.

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Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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