A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a comercialização de uma insulina inalável chamada Afrezza. Fabricada pelas empresas Biomm e MannKind Corporation, a ideia é que o medicamento substitua, em parte, as injeções diárias que os diabéticos precisam aplicar. A previsão é que a novidade comece a ser vendida no quarto trimestre deste ano.
A Afrezza é comercializada em pó, em cartuchos com três tipos de dosagem, e é administrada por meio de um inalador. Ela é indicada para pessoas com diabetes mellitus para ser ingerida antes das refeições a fim de melhorar o controle glicêmico desses indivíduos.
Como o pó é inalado e, ao chegar ao pulmão, é absorvido pela corrente sanguínea, o medicamento não é indicado para pacientes com problemas pulmonares. Esta lista inclui indivíduos com asma, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e fibrose pulmonar, além de fumantes. A nova insulina também não foi estudada em pacientes menores de 18 anos, portanto é contraindicada a indivíduos dessa faixa etária.
Outra limitação é a pouca variedade de dosagens, sendo apenas opções de 4, 8 ou 12 unidades. Isso significa que, ao contrário da insulina injetável, a inalável não permite controlar as unidades utilizadas em cada aplicação de acordo com as necessidades de cada paciente.
Apesar dessas restrições, a insulina inalável também apresenta algumas vantagens. Primeiramente, ela ajuda a reduzir o número de picadas de agulha, nada agradáveis, a que os diabéticos precisam se submeter diariamente. Outro benefício é que, pelo fato de não exigir refrigeração, ela é mais fácil de ser transportada e armazenada.
Um vídeo disponível no canal da Afrezza no YouTube mostra como o inalador é pequeno e fácil de ser transportado, além de explicar como o procedimento para administrar o medicamento é simples:
Em relação à velocidade de ação do medicamento, João Salles, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), afirmou à Folha de S.Paulo que a Afrezza também apresenta um diferencial. Enquanto que nas insulinas injetáveis os níveis de hormônio na corrente sanguínea atingem seu valor máximo em 1h, o pico de ação na inalável ocorre nos primeiros 15 minutos após ser administrada pelo paciente.
Conforme explicação da endocrinologista Lívia Porto, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, ao R7, a Afrezza não pode substituir totalmente a insulina injetável devido ao fato de que ela exerce apenas a função da insulina chamada “bolus” – de ação rápida ou ultrarrápida. Ela é geralmente administrada antes de cada refeição, para compensar o açúcar ingerido.
A outra insulina, chamada “basal”, é de ação mais lenta e geralmente é aplicada apenas uma vez ao dia. Esta, não pode ser substituída pela Afrezza. A boa notícia é que, caso um paciente necessite de três bolus e uma basal, conforme exemplificado pela endocrinologista, ele poderá reduzir para apenas uma injetável, substituindo as outras aplicações pela opção inalável.
A Folha de S.Paulo observa que essa não é a primeira insulina inalável a ser aprovada no Brasil. Em 2006, a Anvisa já havia aprovado a Exubera, da Pfizer. Porém, em pouco tempo, no ano seguinte à sua chegada no mercado, o medicamento foi retirado de circulação pela própria empresa. Segundo a farmacêutica, a ação foi tomada devido à baixa procura da medicação.
A Afrezza, por outro lado, pode ter maior disseminação, visto que, entre 2006 (período em que a Exubera foi aprovada) e 2016, o número de diabéticos no Brasil aumentou em quase 62%, representando cerca de 9% da população do país, conforme pontuado pela Folha.
Ainda não há informações sobre quanto o medicamento vai custar, mas estima-se que ele será mais caro que a insulina injetável, que atualmente pode ser encontrada a partir de R$ 30 aproximadamente.
[Folha de S.Paulo, R7]