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Apple chuta o pau da barraca e coloca preço absurdo no iPhone 4S. Pessoas fazem filas mesmo assim

Sério, Apple, tire este site do ar. É patético. Não faz sentido, não condiz com o que a marca fez até agora no Brasil ou em qualquer pedaço do planeta. O iPhone do seu site deveria vir com um nariz de palhaço de brinde. Ou você acha que os salários do Brasil aumentaram 44% no […]

Sério, Apple, tire este site do ar. É patético. Não faz sentido, não condiz com o que a marca fez até agora no Brasil ou em qualquer pedaço do planeta. O iPhone do seu site deveria vir com um nariz de palhaço de brinde. Ou você acha que os salários do Brasil aumentaram 44% no último ano? Sim, eu sei, o preço do iPhone sempre foi alto e que devemos comprar com planos, mas pelo menos custava mais ou menos o mesmo tanto que similares de outras marcas. Dessa vez não.

Bem, amiguinhos, olhem a tabela de preços do novo iPhone aí em cima (ou a completa lá embaixo). Achando que está com a bola toda e somos o país mais rico do mundo, a Apple e operadoras não se contentaram em oferecer o smartphone com maçã mais caro do planeta. A empresa de Cupertino se esforçou para colocar preços irreais na loja oficial.

O iPhone 4S está a partir de R$ 2.599 no site da Apple (versus US$ 699 no site da Apple dos EUA ou R$ 1.547 no segundo lugar mais caro, a Índia) e R$ 1.899 na TIM que, fugindo da regra, precisa de contrato e plano de dois meses no mínimo (ou seja: o preço real, no pré, é R$ 2.099). É a oferta menos bizarra e quase ok, dada a concorrência, que oferece descontos pífios em planos caros. Mas e o iPhone 4, provavelmente já made in Brazil? O smartphone de um ano e meio de idade ganhou o downgrade de memória (de 16 GB para 8 GB) e manteve o preço do lançamento: R$ 1.799. Com desconto de fidelização, na Claro, ele é R$ 400 mais caro que o Galaxy S II da Vivo de plano semelhante.

Independente do julgamento de qualidade, eu, você e qualquer pessoa normal acha bem caro, especialmente porque essa escalada dos preços parece ser específica do nosso país de gente bronzeada e acostumada a pagar caro. A Apple viu o burburinho em torno do aparelho, deve ter visto alguma pesquisa que eu não vi e, pensou: “Eles pagam caro e esgotam o aparelho. Por que não pagar mais ainda? Até quanto podemos aumentar?”. E aí seguraram o preço como se fosse segredo de estado. Pelas filas que vi nas lojas que passei nessa madrugada, o Brasil é um país riquíssimo, não há limites, então torrar todo o 13º em um celular é ok. Mas, para ser bem  justo, tenho alguma certeza de que as filas seriam pelo menos menores caso soubéssemos o preço de antemão. Foi quase uma pegadinha, e como o povo já tava lá de madrugada, o que são 500 Reais a mais ou a menos?

A fila da loja da TIM do Shopping Eldorado passou das 400 pessoas

Antes que você diga que “Apple sempre foi de elite”, é importante checar os fatos. Os produtos da Apple sempre tiveram um alto preço de entrada, mas não eram necessariamente caros, comparando com produtos absolutamente equivalentes. E, sobre a Apple do Brasil, especificamente, a verdade é que verificando outras marcas como Samsung, Sony, Dell ou várias outras, os produtos da maçã sempre tiveram uma “taxa de conversão” menos absurda. Em outras palavras, um produto da Apple no Brasil era “só” quase o dobro, quando um Vaio P ou um HP Envy ou mesmo o Galaxy Tab original custavam bem mais que o dobro do preço convertido. Mesma coisa para o iPhone. US$ 649 nos EUA, US$ 1.090 no Brasil há um ano. Era bem caro, o maior do mundo, mas tinha aquele papo de impostos e tal. Funcionava pra Apple e todas as outras. A Motorola e Samsung cansaram de lançar aparelhos de US$ 599 nos EUA a R$ 2 mil aqui. Mas divago.

O ponto é que, até outro dia desses, quando a Apple lançava um novo produto para substituir outro havia dois caminhos: ou ele era ligeiramente mais barato ou mantinha o mesmo preço. O iPad 2 chegou pelo preço do iPad 1, mesma coisa pros novos MacBook Air ou o iPhone 4 em relação ao 3GS. Sim, no último ano o câmbio ficou um pouco desfavorável e houve um aumento de até 50 dólares em outras partes do mundo do 4S em relação ao 4, mas o acréscimo exagerado no Brasil não faz sentido. Especialmente agora que a demanda é maior, temos uma melhor estrutura de distribuição local e até fábrica. Teoricamente, o custo seria menor. Qual a lógica?

A lógica é simples: “coloque o preço que for, que esses caras do Brasil vão pagar.” É uma questão de haver demanda. Pela conveniência e “oportunidade”, a gente paga R$ 800 pra um ingresso de show, R$ 15 por um copinho de sorvete que custa R$ 4 na Argentina, mais que o triplo de uma garrafa de vinho chileno de média qualidade. R$ 630 em um “cabo HDMI premium”. Nós pagamos. Pode mandar. A Apple e as operadoras estão erradas em cobrar caro e lucrar muito em cima do público que está disposto a pagar? No nosso sistema de mercado, não. Mas, de uma forma ou de outra, ela está reposicionando a marca no Brasil: aqui é um mundo à parte, com preços terrivelmente inflacionados, porque há bastante gente disposta a pagar muito caro. É isso que ela quer para o futuro? Na minha cabeça, se o iPhone 4 caísse para uns R$ 1.200 para brigar com o Milestone 3 ou algo assim, e o 3GS entrasse na faixa de preço de Defys e Aces ela teria chances reais de aumentar o seu marketshare, cooptando egressos de featurephones e Nokias. Com esses preços, ela parece se achar inabalável pelas forças do mercado, acima dessa classe emergentezinha aí. Acho arriscado e, acima de tudo, pouco simpático. Começo a ver “#Fora Apple” até nos comentários da MacMagazine. Não era isso que o anúncio do iPhone 4 “a um preço incrível” sugeria.

Se o preço do iPhone 4S é resultado dos “investimentos da Apple no Brasil”, junto da vindoura única loja do iTunes no mundo com preços inflacionados para agradar advogados, eu preferia quando ela estava lá, de longe, só mantendo uma operação mínima de importação. Estou fazendo tempestade em copo d’água porque o preço da TIM é bem parecido com o resto (R$ 100 a mais que o S II e R$ 100 a menos que o RAZR)? Não exatamente, como poderemos ver depois analisando os planos de todas as operadoras. E mesmo que fosse, o preço “oficial” da Apple Store já seria problemático.

Mas agora que eu reclamei o que tinha de reclamar por uma madrugada, vamos às coisas práticas. O iPhone 4S em si é sensacional. Ele é igual por fora mas incrivelmente rápido, a recepção no 3G dele é ótima, o GPS tem uma precisão absurda (de, dentro de um shopping ele dizer em qual loja eu estou rapidamente), a câmera é a melhor já feita para um celular (sim, teremos fotos lado a lado com o N8 no teste) e o navegador ainda é a experiência mais consistente para ver sites. Fora os apps. Então, sim, entre os que estão disponíveis no Brasil, e eu já testei todos os que interessam, ele é o que mais gosto. Mas vale tudo isso? Se você tem dinheiro sobrando, por que não? Vá em frente. Mas o problema que eu vejo é que essas filas de mais de 200 pessoas em várias lojas do Brasil (e a bizarrice no shopping Eldorado em São Paulo) dão a impressão de que o País inteiro tem dinheiro sobrando. E isso pode dar uma ideia errada à Apple e outras fabricantes.

E, sim, eu também acho que aparelhos como o iPhone 4S fazem mais sentido em um plano de fidelização, com desconto. Mas mesmo nisso, a Apple e operadoras não estão sendo muito generosos. No plano Vivo Smartphone 200, o iPhone 4S sai R$ 1.649, por exemplo. O RAZR, que custa R$ 1.999 no preço cheio, sai por R$ 899 no mesmo plano. Em resumo: os descontos são pequenos, independente do plano, mas qualquer lugar é bizarramente mais barato que a Apple Store.

Aos preços (tabela completa amanhã – ainda não consegui compilar tudo)

Loja da Apple (desbloqueados):
iPhone 4S 16 GB: R$ 2.599
iPhone 4S 32 GB: R$ 2.999
iPhone 4S 64 GB: R$ 3.399
iPhone 4 8 GB: R$ 1.799
iPhone 3GS 8 GB: R$ 1.199

VIVO
iPhone 4S 16 GB: R$ 2.050 (desbloqueado),

iPhone 4S 32 GB: R$ 2.350 (desbloqueado),
iPhone 4S 64 GB: R$ 2.650 (desbloqueado),

Oi:
iPhone 4S 16 GB: R$ 1.999 (desbloqueado),

iPhone 4S 32 GB: R$ 2.269 (desbloqueado),
iPhone 4S 64 GB: R$ 2.699 (desbloqueado),

TIM:
iPhone 4S 16 GB R$ 1.899 (com um plano mínimo de 60 dias, teremos mais informações em breve)

Na madrugada vi algumas pessoas recebendo descontos especiais de lançamento/VIP (como havia avisado), de pontos ou portabilidade, mas nada muito sensacional. Quem quiser o iPhone 4S vai ter que abrir a carteira ou aproveitar alguma viagem/amigo. Difícil apoiar a Apple Brasil.

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