A Apple divulgou agora há pouco os resultados do primeiro trimestre do ano, com números enormes: US$ 24,67 bilhões de faturamento, US$ 5,99 bilhões de lucro. As vendas do iPhone aumentaram mais de 100%, com cerca de 18 milhões de unidades comercializadas pelo mundo. As vendas de iPad seriam melhores se eles conseguissem produzir para atender a demanda, mas nas 30 perguntas dos analistas que se seguiram ao anúncio dos resultados, nenhuma pista sobre mudanças na produção, quanto menos “fábrica da Foxconn no Brasil”.
Havia muita dúvida sobre o quanto que o terremoto, tsunami e caos nuclear no Japão poderia afetar a cadeia de suprimentos para produção de iCoisas. Tim Cook, COO da Apple, disse que “tudo que eles discutiam ali não era nada em relação às perdas humanas” do Japão, e que ele ficou impressionado em como as empresas parceiras no país afetado pela tragédia fizeram o máximo para achar uma solução e resolver qualquer gargalo. Salvo alguma outra catástrofe nova, a produção está normalizada, segundo Cook, e não seria necessário mudar qualquer coisa na produção.
Sobre a reclamação de que a produção de iPads 2 não está atendendo a demanda, Cook disse que eles já conseguiram acelerar consideravelmente a oferta – ano passado a Apple demorou meses para lançar em outros mercados, e dessa vez o iPad novo chegou a 25 países menos de 30 dias depois do lançamento americano. “Vários outros países ainda não anunciados verão o lançamento neste trimestre”, garantiu Cook. Nada oficial, mas parece que o Brasil não precisará esperar até o natal para ver o tablet nas lojas. Em relação às vendas, a Apple confirmou 4,69 milhões de unidades do tablet comercializadas no primeiro trimestre. O número “fraco” foi explicado pelo desaquecimento normal pós-natal e que muitas pessoas esperavam pelo iPad 2. Não sabemos quantas unidades de cada modelo foi vendida.
A venda de iPods continua em queda (de 17%, ano a ano), com 9 milhões de unidades comercializadas nos 3 primeiros meses do ano. Mas o negócio da Apple não se resume, é claro, a iCoisas. Os Macs vão muito bem, obrigado. Pelo 20º trimestre consecutivo, as vendas de Mac crescem mais que PCs: enquanto as vendas de notebooks e desktops com Windows/Linux caiu 3%, segundo o IDC, as vendas de Macs subiram 28%, chegando a 3,76 milhões de unidades no mundo – é um número grande, mas não enorme: o mercado brasileiro de PCs, por exemplo, movimentará 15 milhões de unidades em 2011, segundo previsão do IDC. Apesar do crescimento no setor, vende-se mais iPads que Macbooks e afins.
A pergunta inevitável sobre o processo contra a Samsung demorou, mas veio: Tim Cook disse que a Samsung era um fornecedor importantíssimo, que a Apple era sua maior cliente, e que apreciavam a parceria. Mas a divisão de produtos móveis teria “cruzado a linha” com as homenagens, as duas empresas tentaram resolver as diferenças amistosamente mas Cook disse que foi “obrigado a ir à corte”.
Os gringos não tinham nenhuma questão sobre uma possível nova linha de produção da Foxconn para fazer iPads no Brasil. O assunto, dado como oficial por todo mundo aqui por causa da fala do nosso ministro, não repercutiu muito lá fora. Não saiu em lugares importantes como CNN ou NY Times, e quem veiculou a notícia, como o Wall Street Journal, duvidou da coisa. A conferência trimestral de hoje era a maior chance de ouvir uma palavra oficial da Apple sobre o assunto. Pode ser que ela não fale por algum tipo de segredo industrial, ou porque ninguém tenha perguntado, afinal. Teremos de esperar mais um pouco para ter qualquer confirmação. [Apple]