A Apple lançou nesta semana o serviço Apple Pay nos EUA. Em dispositivos com Touch ID, ele permite fazer pagamentos em apps e no iTunes sem digitar senha – basta usar seu dedo.
E com o iPhone 6 e 6 Plus, que possuem NFC, é possível fazer pagamentos em lojas físicas também: basta aproximar o iPhone de um terminal contactless e encostar o dedo no Touch ID, que lê sua digital e autoriza a transação.
A chegada do Apple Pay em lojas físicas pode ser uma ótima notícia para o Google.
A promessa do Wallet
Em 2011, o Google disse que “seu smartphone será como uma carteira” quando lançou o serviço Wallet nos EUA. Ele prometia algo mágico: por exemplo, no Starbucks, você pagaria pelo café, usaria um cupom de desconto e acumularia pontos no cartão de fidelidade, tudo ao mesmo tempo – bastava sacar o smartphone do bolso.
O serviço funciona assim: você desbloqueia seu smartphone Android com NFC, aproxima o celular de um terminal de pagamento, insere a senha e espera pela confirmação. Mas este recurso exige Android 4.4 (KitKat) ou superior; nem toda loja tem um terminal contactless; e, na prática, isso não é muito mais simples que usar um cartão de débito ou crédito. Por isso, o Wallet não vingou.
E se mais lojas tivessem terminais NFC? E se mais pessoas usassem esse tipo de pagamento? É isso que o Apple Pay promete fazer, e isso pode beneficiar o Google também.
NFC em mais lugares
O Apple Pay poderá ser usado em mais de 220.000 estabelecimentos nos EUA que aceitam pagamentos contactless. São lugares como lojas de roupas (Nike, Macy’s); restaurantes fast-food (McDonald’s, Subway); farmácias (Walgreens, Duane Reade); postos de gasolina (Chevron, Texaco) e até parques de diversão (Walt Disney Parks and Resorts). Claro, todas as Apple Stores americanas também terão o serviço.
Nada impede que, em todas essas lojas, o Google Wallet também seja utilizado: os terminais de pagamento usam tecnologia NFC, e o Google tem parceria com a Mastercard, Visa e American Express. A CNET diz que “em geral, o Google Wallet funciona onde o Apple Pay funcionar”. O jornal San Jose Mercury News diz que, ao testar o Apple Pay, “eu também comprei algo com o Google Wallet”.
No entanto, o Google tem que promover ainda mais seu serviço de pagamentos. Além disso, a gigante das buscas ainda tem que resolver um problema do Wallet: a facilidade de uso. Nesse quesito, a Apple sai na frente.
A estreia do Apple Pay
Em lojas físicas, para realizar pagamentos com o Apple Pay, você não precisa ativar a tela, nem digitar senha, nem mesmo olhar para o smartphone – ele vibra e emite um som para você saber que a transação ocorreu com sucesso. É aproximar o iPhone 6/6 Plus do terminal, encostar o dedo no Touch ID, e pronto.
Por isso, o Apple Pay começou mais ou menos bem. Do Gizmodo US:
Decidimos tentar a sorte no Subway, mas os funcionários nos deram alguns olhares confusos quando perguntamos sobre pagamento contactless. A loja tinha acabado de receber o hardware naquele dia, aparentemente, e eles ainda estavam pegando o jeito das coisas. Depois de alguma discussão e um profundo estudo das instruções da máquina, nós chegamos a uma tela com um código QR – ou seja, não fomos muito longe.
Em seguida, fomos para uma farmácia Duane Reade. Aqui, o sistema realmente funcionou perfeitamente… Quando chegou a hora de pagar, em vez de puxar um cartão de crédito, eu aproximei o meu celular do leitor, pressionei o Touch ID, e pronto. Foi tão rápido quanto pagar com um cartão de crédito (e ainda economizei tempo ao não ter que lidar com a carteira), e o processo foi quase idêntico.
O Apple Pay funciona com cartões de mais de 500 bancos nos EUA. Resta ver se a Apple conseguirá fechar parcerias com mais lojas.
Segurança
Quando se fala em pagamentos via celular, uma preocupação frequente é a segurança. Como isso funciona no Apple Pay? A empresa diz:
Com o Apple Pay, em vez de usar seus números de cartão de crédito e débito… é gerado um Número de Conta do Dispositivo exclusivo, que então é criptografado e armazenado de forma segura no Elemento de Segurança, um chip dedicado no iPhone, iPad e Apple Watch. Estes números não são armazenados em servidores da Apple.
Quando você faz uma compra, o Número de Conta do Dispositivo, juntamente a um código de segurança dinâmico, é usado para processar o pagamento. Assim, os números de crédito ou cartão de débito reais nunca são compartilhados pela Apple nem transmitidos com o pagamento.
Sobre o Wallet, o Google explica:
Todas as suas informações financeiras no Google Wallet são criptografadas e armazenadas em servidores seguros do Google em locais seguros. Suas informações são protegidas pela Política de Privacidade do Google e pela Política de Privacidade.
No Google Wallet e Apple Pay, se seu smartphone for perdido ou roubado, você pode desativar o recurso de pagamentos a partir do seu computador.
Tanto o Google como a Apple tiveram alguns pequenos contratempos – já resolvidos – com seus sistemas de pagamento. É inevitável! Acreditamos que, no geral, o fator segurança não deve dissuadir os usuários.
E o Windows Phone?
Em 2012, o Windows Phone 8 ganhou o recurso “Encostar para pagar” através do app Carteira. No entanto, ele é ainda mais tímido que o Google Wallet porque depende das operadoras. A Microsoft reconhece em seu FAQ que “no momento, somente um pequeno número de operadoras de celular oferece telefones que oferecem suporte para esse recurso [transações via NFC]”.
Isso pode mudar, pois a Microsoft contratou em setembro um alto executivo que cuidava de pagamentos na Amazon – mas o Google já tem uma grande vantagem nessa área.
E à medida que terminais NFC se espalham pelas lojas e são cada vez mais usados, podemos ver cada vez mais pessoas usando o futuro do dinheiro, tanto no iOS como no Android (e Windows Phone).
Pelo menos nos EUA, claro: o Brasil engatinha quando se trata de pagamentos com o celular. A Mastercard anunciou este ano um app do MasterPass para smartphones, que permite pagar via NFC em alguns estabelecimentos. Por sua vez, a Visa usa a tecnologia payWave em cartões Ourocard Visa, do Banco do Brasil. Quem sabe Apple e Google possam, no futuro, nos fazer avançar nesse quesito.
Atualizado em 26/10