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Apple vs. Samsung: neste caso, copiar é tão ruim assim?

À medida que o julgamento Apple vs. Samsung passa para as mãos do júri, James Allworth da Harvard Business Review questiona se deveríamos mesmo condenar quem copia outras empresas. *** A web está agitada nestes últimos dias com os detalhes da disputa judicial entre Apple e Samsung. Esta é uma oportunidade única de descobrir como […]

À medida que o julgamento Apple vs. Samsung passa para as mãos do júri, James Allworth da Harvard Business Review questiona se deveríamos mesmo condenar quem copia outras empresas.

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A web está agitada nestes últimos dias com os detalhes da disputa judicial entre Apple e Samsung. Esta é uma oportunidade única de descobrir como estas duas empresas funcionam, à medida que o julgamento tenta responder à pergunta: a Samsung copiou a Apple?

Mas há outra pergunta que, para mim, é mais interessante para o futuro da inovação na indústria da tecnologia. Deixando de lado se a Samsung copiou ou não a Apple, seria melhor para nós permitir – e até estimular – empresas a copiarem umas às outras?

Isto é particularmente relevante no contexto do julgamento Apple/Samsung, porque não é a primeira vez que a Apple se envolve em um caso na Justiça envolvendo “cópia”. Voltando aos anos 90, temos o famoso processo contra a Microsoft. O argumento da Apple era sinistramente parecido ao que ela usa hoje: “nós inovamos ao criar a interface gráfica de usuário; a Microsoft nos copiou; se nossos concorrentes simplesmente nos copiarem, é impossível para nós continuar inovando”. A Apple acabou perdendo o caso.

Mas o que aconteceu depois é fascinante.

A Apple não parou mesmo de inovar. Em vez disso, eles lançaram o iMac. Depois o OS X (“Redmond, liguem suas copiadoras“). Depois o iPod. Depois o iPhone. E, mais recentemente, o iPad. Dado que o principal motivo destes processos judiciais é permitir que a Apple continue inovando, é difícil não perguntar: se cópias impedem a inovação, por que a Apple não parou de inovar da última vez que foi copiada?

Ser copiada não impediu nem reduziu a capacidade deles em inovação. Na verdade, parece que só acelerou. A Apple não pôde ficar parada: para voltar à lucratividade, e para chegar ao título de uma das maiores empresas de tecnologia que existem hoje, ela teve que inovar o mais rápido que pôde.

Este argumento vale ser considerado de forma mais profunda neste debate sobre proteção de propriedade intelectual. Um excerto do livro de Kal Raustiala e Chris Sprigman, A Economia das Cópias: Como a Imitação Gera Inovação, publicado no Wall Street Journal da semana passada, tem exatamente o mesmo argumento.

O pressuposto atual para muitos que observam indústrias é: sem proteção contra cópia, a inovação para. No entanto, e talvez de forma contra-intuitiva, Raustiala e Sprigman mostram que em vez de prejudicar a indústria, há muitos exemplos onde indústrias prosperam por serem tão abertas à cópia. Eles dizem: “Grandes inovações em geral são feitas em cima das existentes – e isto requer a liberdade de copiar.” O que parece ser verdade para a Apple: veja este e-mail de Eddy Cue, executivo da Apple, defendendo uma mudança na linha de tablets da Apple… porque ele experimentou um produto que a Samsung havia lançado no mercado.

Alguns dizem que é cópia. Mas para mim, parece ser um mercado competitivo funcionando de forma perfeita.

Eu usei a Apple como exemplo aqui porque ela ilustra como a inovação não parou com o tempo, mesmo quando o sistema de patentes não a defendeu. Mas para fazer justiça à Apple, eles também sofreram bastante ao inovar quando não eram os primeiros e não tinham controle das patentes necessárias para tanto – um exemplo recente é o processo que a Nokia abriu (e ganhou) contra a Apple envolvendo o iPhone.

Com muita frequência, parece que empresas recorrem ao sistema de patentes quando elas não conseguem competir no mercado como antes.

Se a Apple acabar ganhando este caso – e isto ou impeça a Samsung de lançar celulares e tablets no mercado, ou exija um caro licenciamento para tanto – alguém realmente acredita que o mercado vai se tornar mais inovador, ou que os aparelhos vão ficar mais acessíveis? Da mesma forma, se a Samsung ganhar, você realmente acredita que a Apple vai finalmente reduzir seu desenvolvimento agressivo do iPhone e iPad? Com certeza não foi o que aconteceu da última vez.

Agora, se você me acompanhou até aqui, não acho que seja um exagero sugerir que essa briga no tribunal para ver “quem copiou quem” é contraproducente. Todos esses processos sugerem que todo mundo já está copiando todo mundo. Uma solução melhor: deixe as empresas focarem essa briga no mercado – onde consumidores, não tribunais, fazem a decisão sobre inovações. Num mundo assim, a melhor defesa contra cópia não são processos judiciais: é inovar a um ritmo que seus concorrentes não consigam alcançar. Isto, para mim, parece uma situação ideal não apenas para consumidores – mas para inovadores de verdade, também.

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James Allworth é co-autor do livro How Will You Measure Your Life?. Ele já trabalhou no Fórum para Crescimento e Inovação da Harvard Business School, na Apple, e na Booz & Company. Você pode acompanhá-lo via Twitter: @jamesallworth.

A Harvard Business Review é publicada desde 1922, e traz as melhores grandes ideias do mundo dos negócios.

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