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Como é feito o ouro 18 quilates da Apple que promete mais resistência que ouro comum

Jony Ive, vice-presidente de design na Apple, disse que a empresa inventou um novo tipo de ouro 18K mais rígido para a versão de luxo do Apple Watch.

Hoje, a partir das 14h, serão revelados todos os principais detalhes do Apple Watch, incluindo seu preço – que pode ultrapassar os US$ 10.000 na versão de ouro 18 quilates.

Jony Ive, vice-presidente de design na Apple, disse recentemente ao Financial Times que a empresa inventou um novo tipo de ouro 18K mais rígido para a versão de luxo do Apple Watch. Eis o que uma patente revela sobre ele – e sobre um possível diamante da Apple também.

O jornalista do Financial Times escreveu que “as moléculas no ouro da Apple estão mais próximas umas das outras, tornando-o duas vezes mais duro que o ouro comum”. Isso parece absurdo, porque sugere que a Apple reinventou os átomos (não moléculas) de ouro. Por mais que a empresa queira ser mágica e revolucionária, eles obviamente não fizeram isso.

Como explica o Ars Technica, o FT provavelmente está falando de um composto de ouro e outros materiais que a Apple criou em seus laboratórios. Esse composto, que o jornalista chamou de “ouro da Apple”, deve ser mais duro do que o ouro puro – o que não é muito difícil – e suas moléculas podem estar mais próximas.

Afinal, o que a Apple fez? Analisamos um pedido de patente depositado por designers industriais da Apple no ano passado, que descreve um “método e aparelho para formar um compósito com matriz metálica de ouro”. Ele descreve vários processos para endurecer o metal.

A patente para um ouro mais resistente

Antigamente, a pureza do ouro era expressa na forma de quilates, cuja escala vai de zero até 24K (ouro puro). O ouro 18 quilates é 75% ouro puro; o restante é composto por cobre, prata, paládio ou outros metais. Isso permite que o material se torne mais duro e resistente – o ouro puro é macio demais para ser usado em joias ou relógios.

Por sua vez, o ouro da Apple parece ser feito utilizando um processo especial que envolve misturar pó de ouro com pó de cerâmica, depois aquecê-lo e comprimi-lo, para criar uma substância que é mais dura e mais resistente a riscos do que o ouro 18 quilates comum.

A patente descreve várias possíveis formas pelas quais a empresa poderia fundir cerâmica e metal. Uma delas inclui fazer uma “pré-forma” porosa de cerâmica que seria preenchida com uma “rede de ouro” para criar a matriz de cerâmica e metal.

Basicamente, os metalúrgicos criariam uma camada de cerâmica e em seguida derramariam o ouro nela, de modo que os átomos de ouro se insiram entre as moléculas da cerâmica. (Este pode ser o processo que levou à descrição estranha no Financial Times.) O material seria comprimido e aquecido num processo chamado de sinterização, até o metal e cerâmica se tornarem uma massa sólida.

O material descrito aqui soa muito semelhante a um relógio de ouro 18K resistente a riscos que a fabricante suíça Hublot criou em 2011. Um desses relógios com “Magic Gold” custa US$ 32.795 na Amazon.

A patente da Apple não menciona apenas cerâmica: é possível criar esse ouro usando uma mistura de “carboneto de boro, diamante, nitreto cúbico de boro, nitreto de titânio (TiN), silicato de alumínio e de ferro (granada), carboneto de silício, nitreto de alumínio, óxido de alumínio, pó de safira, óxido de ítrio, dióxido de zircónio ou carboneto de tungstênio”.

No resumo da patente, também é mencionado outro método pelo qual a Apple pensou em fazer o corpo do relógio. Depois de revestir as partículas de cerâmica com ouro, eles poderiam colocar “a mistura de cerâmica e ouro dentro de um molde que tem uma forma quase de rede. O método inclui comprimir e aquecer a mistura de cerâmica e ouro no molde, formando um compósito com matriz de ouro e uma forma que corresponde à forma quase de rede.”

Este processo é chamado de “die-striking”, e é uma forma comum de aumentar a robustez de joias. O metal é colocado num molde e comprimido para aumentar a sua densidade e dureza. O processo recebe esse nome devido ao pesado molde em forma de bloco usado para pressionar o metal (ele se chama “die” em inglês). Depois que o metal é preparado, ele pode ser dobrado em um formato melhor, ou receber detalhes adicionais.

A Hublot também faz seu “ouro mágico” usando cerâmica, embora não use die-striking em seu método.

Ouro e diamante

Outro método na patente descreve o uso de um “agente umectante” para cobrir partículas de diamante, e depois adicionar ouro e comprimir tudo. O agente umectante forma um carboneto na fronteira entre diamante e ouro, e os une. Em outras palavras, esta patente para o “ouro da Apple” sugere que a empresa também está cogitando a ideia de criar relógios cujo metal seja uma mistura de ouro e diamante.

A Apple está usando técnicas bastante comuns na indústria de joias. Ouro e diamante também são usados ​​em muitas aplicações de ciência dos materiais, mas geralmente você os encontra em microchips ou componentes industriais. A novidade aqui é que a Apple está tentando descobrir como usar metalurgia e ciência dos materiais para gerar formas mais extremas de luxo.

O ouro da Apple provavelmente é mais duro do que o ouro comum. Mas isso não se trata exatamente de criar algo que seja funcional: trata-se de vender algo que simboliza, ao mesmo tempo, tanto a ciência de fronteira como a riqueza e ostentação.

Foto: joalheiro derretendo ouro por badahos/Shutterstock

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