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Arqueólogos descobrem ‘Túmulo de Gigantes’ na China

Pesquisadores na China descobriram restos de esqueletos de um grupo incomumente alto de indivíduos que viveram na província de Shandong, na China

Pesquisadores na China descobriram restos de esqueletos de um grupo incomumente alto de indivíduos que viveram na província de Shandong, na China, há cerca de cinco mil anos. Com alguns deles alcançando alturas bem acima de 1,82 metro, esses humanos neolíticos eram um sinal do que viria pela frente.

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Como relatado no Xinhua, uma escavação arqueológica na vila de Jiaojia, no distrito Zhangqiu, da Cidade de Jinan, levou à descoberta de 104 casas, 205 túmulos e 20 buracos de sacrifício. Cerâmica e vários itens de jade também foram encontrados. O local do fim do Neolítico data de um tempo em que o Vale do Rio Amarelo era habitado pela Cultura Longshan, também conhecida como Cultura da Cerâmica Negra, que prosperou na área de cerca de 3000 a 1900 a.C. A escavação arqueológica, que começou no ano passado, está sendo liderada pela Universidade de Shandong.

Significativamente, uma análise dos restos de esqueletos encontrados nesse local sugere que essas pessoas antigas eram extravagantemente altas, com muitos indivíduos medindo acima de 1,80 metro, relata Xinhua. Embora o estudo não relate quantos indivíduos foram escavados ou sua divisão de gênero, o mais alto, um homem, media 1,90 metro. Para seus vizinhos contemporâneos, o povo Longshan provavelmente parecia feito de gigantes (os homens médios do Neolítico tinham cerca de 1,65 metro, e as mulheres, 1,54 metro, de acordo com um estudo).

Imagem: Universidade of Shandong

Sua altura incomum era provavelmente consequência tanto da genética quanto do ambiente. Aliás, a altura segue sendo uma característica definidora de pessoas vivendo na província atualmente. Em 2015, a média de altura de um homem de 18 anos em Shandong era de 1,75 metro, cinco centímetros a mais que a média nacional.

Artigos de cerâmica e jade foram encontrados no local (Imagem: Universidade de Shandong)

Mas para o povo Longshan, o ambiente pode ter tido um papel igualmente importante. Como explicou o arqueólogo Fang Hui ao Xinhua, essa civilização do fim do Neolítico participava de atividades de agricultura, então os aldeões tinham acesso a uma gama diversa de comidas nutritivas. O milheto era uma grande safra na época, e porcos eram um gado importante. Essa dieta estável, disse Hui, teve um efeito em suas proporções físicas, incluindo a altura. De modo interessante, os homens mais altos dos Longshan foram encontrados em tumbas, algo que os arqueólogos de Shandong atribuíram a um maior status social e ao acesso a melhor comida.

Como apontado, maioria dos humanos pré-históricos eram pequenos em comparação com o povo Longshan, tendo menos acesso a uma dieta balanceada, um menor fluxo de comidas nutritivas e possivelmente tendo que viver em condições ambientais duras. O povo maia, por exemplo, estava entre os menores dos humanos pré-históricos, com o homem tendo uma altura média de 1,57 metro, e a mulher, de 1,42 metro.

Mas a altura pode ter aparecido como um traço genético vantajoso entre certas populações muito antes do Neolítico e do povo Longshan. Um estudo recente da Universidade Masaryk, na Tchéquia, propôs que os genes para altura elevada apareceram entre os gravetianos — um bando de caçadores-coletores que viveram no Sul da Itália de 50.000 a 10.000 anos atrás. Esses europeus do Paleolítico Superior, cujo mais alto tinha 1,77 metro, eram caçadores de mamute, o que pode ter tido algo a ver com sua altura.

“Suspeito que essa especialização associada com um excedente de proteínas de alta qualidade e uma baixa densidade populacional tenha criado condições ambientais levando à seleção dos machos excepcionalmente altos”, disse o autor principal do estudo, Pavel Grasgruber, em entrevista ao Seeker.

Isso pode explicar por que europeus dos Alpes Dinaricos (albaneses e eslavos do sul, particularmente), geneticamente relacionados aos gravetianos, são tão altos até hoje. Mas a boa estatura não é exclusiva dos europeus; outros humanos incomumente altos incluem os khampas tibetanos e o povo nilótico, do Sudão.

Determinar por que certos grupos de pessoas são menores ou maiores que outros segue uma ciência inexata, que depende de muitas variáveis. Entramos em contato com vários especialistas para ouvir sua opinião sobre o assunto e vamos atualizar se tivermos alguma resposta interessante. Talvez nunca saibamos por que o povo Longshan era tão alto, mas, considerando que os humanos nunca foram tão altos quanto são hoje, esse povo antigo era certamente um sinal dos tempos.

[Xinhua, History Blog, IBTimes]

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