Artemis: Sol pode atrapalhar NASA na volta à Lua
A NASA está preocupada que as tempestades solares acabem atrapalhando os planos de longo prazo do programa Artemis – que pretende retomar os voos tripulados para a Lua.
Esses eventos climáticos espaciais geram grandes rajadas de radiação e partículas solares supercarregadas — incluindo prótons, elétrons e íons pesados. Além de afetar as comunicações, essas tempestades podem ameaçar a saúde dos astronautas, tendo o potencial de causar tumores ou mesmo doenças neurodegenerativas.
O Sol possui ciclos de atividade em sua superfície que duram cerca de 11 anos. Esses ciclos são gerados por mudanças em seus campos magnéticos, fazendo a estrela passar desde períodos de calmaria até momentos em que o Sol está em plena atividade. Nesses momentos, há enormes erupções solares e ejeções de massa coronal. Você pode ver mais na imagem abaixo.
O último período de calmaria terminou em dezembro de 2019, marcando o início do período de 11 anos de máxima atividade – chamado de “Ciclo Solar 25”. Porém, segundo apontou a Newsweek, o Sol tem passado por um aumento repentino em sua atividade, superando, inclusive, as previsões iniciais.
A expectativa é que o máximo da atividade do ciclo atual deve ocorrer por volta de 2025. É justamente neste ano que a NASA planeja lançar a missão Artemis 3, que prevê o pouso de astronautas na superfície da Lua.
Como a NASA espera proteger os astronautas da Artemis
Durante o programa Apollo, por exemplo, os astronautas tiveram sorte de não serem atingidos por um grande evento climático espacial. Em 1972, entre as missões Apollo 16 e Apollo 17, uma tempestade solar se aproximou perigosamente do nosso planeta. “Provavelmente teria sido fatal se os astronautas estivessem na Lua na época”, afirmou Matthew Owens, físico espacial da Universidade de Reading, no Reino Unido, à Technology Review.
No caso do programa Artemis, existe um risco aumentado para qualquer missão tripulada no espaço, pelo menos, até 2029. Para manter os astronautas seguros, seria prudente acelerar o retorno à Lua ou mesmo esperar até que a década termine.
Vale lembrar que, diferentemente de 1972, a NASA conta hoje com uma infraestrutura de monitoramento do Sol e de outras fontes de radiação, com o objetivo de fornecer previsões do clima espacial. Isso permite preparar — com uma certa antecedência — satélites, naves e astronautas para a chegada dessas tempestades.
Para a espaçonave Orion, a NASA já montou um procedimento de emergência para a proteção dos astronautas. A nave contará com um sensor de detecção de radiação, para avisar a tripulação sobre a chegada de uma explosão solar. A partir daí, os astronautas deverão se posicionar na parte central da Orion e formar uma espécie de barricada, utilizando bolsas de armazenamento de água e comida, além de outros objetos a bordo.
A ideia é aumentar a massa de objetos ao redor dos astronautas, criando um ambiente mais denso pelo qual as partículas solares teriam que viajar. A solução, claro, não é perfeita, mas ajuda a mitigar os efeitos da radiação nos astronautas. No vídeo abaixo, é demonstrado como será feita essa barricada contra a radiação:
Já na superfície da Lua, por estar mais longe do campo magnético da Terra — que protege o planeta –, os astronautas seriam suscetíveis a receber maiores níveis de radiação, inclusive, com uma exposição maior do que a bordo da ISS (sigla para “Estação Espacial Internacional”). Além disso, no caso da vinda de uma grande tempestade, um retorno de emergência para a Terra não seria algo simples ou rápido.
No longo prazo, a resolução do problema da radiação seria instalar uma base subterrânea na Lua, com pelo menos 80 centímetros de profundidade. Porém, uma base lunar permanente só deve começar a ser construída no início da década de 2030, quando o ciclo solar máximo atual já tiver passado.