As 5 coisas mais malignas que aconteceram graças à ajuda de empresas de tecnologia

Se regimes opressivos querem continuar sendo opressivos, eles precisam temer – e usar – a tecnologia como uma espada coberta de napalm. E, na maior parte dos casos, eles não conseguem fazer isso sem ajuda externa. Estes são os cinco colaboradores tecnológicos mais malignos da história.   IBM e o Holocausto Nada pode ser muito […]

Se regimes opressivos querem continuar sendo opressivos, eles precisam temer – e usar – a tecnologia como uma espada coberta de napalm. E, na maior parte dos casos, eles não conseguem fazer isso sem ajuda externa. Estes são os cinco colaboradores tecnológicos mais malignos da história.

 

IBM e o Holocausto

Nada pode ser muito pior do que ajudar os nazistas com o Holocausto. É o fundo do poço da maldade. Ainda assim, a empresa que costumava fazer os nossos laptops e agora faz robôs de inteligência artificial para nos entreter em jogos de trívia é a mesma que um dia criou o método de genocídio mais racionalizado e metodicamente perfeito da história da humanidade. Como explica o autor Edwin Black em seu exaustivo “IBM e o Holocausto”, os serviços da empresa de computação estavam perfeitamente de acordo com as maquinações do Terceiro Reich. Os nazistas queriam aperfeiçoar o homicídio. Transformá-lo em uma ciência. O genocídio precisava ser livre de falhas, suave, previsível. Meio como um computador:

“A única maneira de eliminar qualquer possibilidade de erro”, insistia o Dr. Keller [Karl Keller, cientista nazista], “é registrar a população inteira. Como isso poderá ser feito?” Keller exigiu “o estabelecimento de formulários genéticos e biográficos obrigatórios… Nada nos impediria”, assegurou ele, “de usar tais formulários para a entrada de qualquer informação importante que possa ser usada por cientistas raciais”.

Para isso, a Alemanha precisava de computadores. A IBM fazia ótimos computadores – e eles foram vendidos a Hitler, direto do escritório de Nova York. A IBM projetou máquinas especialmente para o Terceiro Reich, e os cientistas da computação nazistas foram pessoalmente treinados pelos engenheiros da IBM. O poderio estatístico destas máquinas foi o que possibilitou a execução fácil do Holocausto.

 

Nokia Siemens e as torturas em Bahrain

Regimes autoritários geralmente não precisam de muitas provas para torturar cidadãos até o limite das suas energias vitais. Mas em Bahrain, equipes de tortura do governo usavam transcrições interceptadas de comunicações por telefone, SMS e internet como motivo suficiente para torturar o povo (ou pior). E como eles conseguiam essas transcrições? Como equipamentos vendidos ao governo pela Nokia Siemens. A mesma empresa que vende telefones e equipamentos elétricos. Os sistemas fornecidos pela Nokia Siemens foram incorporados à estrutura de comunicações de Bahrain – olhos e ouvidos inescapáveis. Esta ameaça à comunicação livre é também o motivo por que Bahrain não se juntou às outras nações do Oriente Médio para derrubar – ou ao menos protestar contra – os seus governos. É difícil organizar mudanças quando você tem um torturador onisciente atrás de você o tempo todo.

 

RIM e a censura na Arábia Saudita

Mandar mensagens pela rede BBM do BlackBerry é uma forma barata e fácil de se comunicar, com privacidade, no mundo inteiro. Mas ela também só é privada até o ponto em que a RIM decide que ela deve ser. Na maior parte do mundo, você pode enviar uma mensagem pelo serviço tranquilo, sabendo que a sua mensagem será encriptada e roteada através dos servidores da própria RIM no Canadá. Mas na Arábia Saudita, você pode estar ciente de que a sua mensagem poderá ser lida inteiramente pelo governo, que poderá também saber exatamente quem enviou e para quem ela é destinada. Por quê? Porque a RIM deixou. Em vez de deixar a Arábia Saudita cortar interamente o serviço dos BlackBerries, como ela há não muito tempo ameaçou fazer, a empresa cedeu às exigências do governo para não ter que deixar de fazer negócios no reino.

 

Dow/Monsanto e o Agente Laranja

Parte do problema na Guerra do Vietnã era o terreno. Uma grande parte. Era mais difícil lutar nas selvas do que, digamos, nas planícies abertas do Oriente Médio. Então o Pentágono americano bolou a Operação Ranch Hand – uma campanha de devastamento florestal projetada para deixar os Vietcongs expostos depois que toda a vegetação morresse. Parece simples, certo? Exceto pelo fato de que havia pessoas vivendo em meio a toda aquela vegetação. Milhões de pessoas. E o Agente Laranja (Agent Orange), o composto químico jogado sobre elas, causa diversos problemas graves, incluindo dezenas de tipos de câncer, várias formas de paralisia, problemas de pele, diabetes, Mal de Hodgkin, problemas cardíacos e Parkinson, entre outras coisinhas.

O Agente Laranja foi criado pelo pessoal da Dow & Monsanto, que vende sabonetes, detergentes, sementes e rações para animais. E também uma arma química que a Cruz Vermelha do Vietnã estima ter prejudicado 3 milhões de crianças e adultos na região.

 

Yahoo! e a tortura chinesa

A mão de ferro da China sobre a liberdade de expressão digital já é bem conhecida. Cidadãos são presos e abusados por criticar o governo, já que o governo observa tudo que é dito e feito online. Você sabe disso. O que você talvez não saiba é que o Yahoo!, a mesma empresa onde você provavelmente tem ou já teve um email, e também aquela que, através do Flickr, provavelmente armazena muitas das suas fotos, entregou dois cidadãos dissidentes chineses depois de um pedido do governo. Os seus crimes, segundo o Washington Post?

Em 2002, Wang, um engenheiro, foi detido por oficiais chineses por escrever artigos pró-democracia em um site do Yahoo Groups. Shi, um jornalista, foi preso em 2004 depois de encaminhar para um site estrangeiro um email que o havia instruído a não fazer a cobertura do aniversário da Praça Tiananmen.

Anos depois, o Yahoo! pediu desculpas e fez um acordo financeiro com as famílias das vítimas.

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas