As características de Fallout 4 que justificam todo o hype pelo jogo
por Bruno Izidro
Quem vem acompanhando o mundo dos videogames nas últimas semanas notou todo o furor em torno de Fallout 4, o novo RPG da Bethesda lançado para PS4, Xbox One e PC. Depois dos sucessos que foram Fallout 3 e Fallout: New Vegas e ainda por ser o novo jogo do estúdio que desenvolveu Skyrim, era de se esperar tanto falatório.
Porém, como todo hype, a empolgação demasiada pode ser uma armadilha para eventuais frustrações. Assim, passados alguns dias e após algumas dezenas de horas naquele mundo pós-apocalíptico, será que Fallout 4 continua correspondendo às expectativas? A resposta mais curta é: sim; e mostramos aqui alguns elementos presentes no jogo que justificavam toda a atenção que estão dando a ele, o que não o safa, no entanto, de alguns problemas também.
Criação de personagens
A primeira ação que se pode fazer em Fallout 4 já é uma das melhores características dele. O modo de criação de personagem é bem divertido por possibilitar uma customização bem ampla para a aparência do herói (ou heroína) na aventura.
Com a ferramenta é possível ficar horas só escolhendo e modificando cortes de cabelos, tamanho do nariz e forma física para criar vários tipos de personagens, desde ameaçadores até pessoas com severos problemas de pele antes mesmo de radiação das bombas:
O recurso também já incentivou várias pessoas a tentarem recriar personagens famosos como Walter White de Breaking Bad, Beavis e Butthead, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, entre outros. Eu mesmo até tentei fazer uma versão da Furiosa de Mad Max.
Para quem já é mais apressadinho, há também os modelos predefinidos para ir logo para a aventura. Uma mudança interessante em relação aos jogos anteriores da série, é que em Fallout 4 o seu personagem não é só um avatar para o jogador e o fato de tanto as versões masculinas e femininas possuírem voz, já adiciona uma personalidade interessante a eles.
Uma terra pós-apocalíptica interessante para explorar
Fallout 4 se passa nos arredores do que era a cidade de Boston, nos EUA, mais de 200 anos depois de uma guerra nuclear e mesmo com uma missão principal para ser realizada, um dos principais atrativos do jogo é sair explorando a região, que agora é chamada de commonwealth (“Comunidade” na versão em português).
No meio do caminho, você pode se deparar com várias situações e lugares interessantes, como um ferro-velho cheio de material radioativo porque um grupo pensava que isso era obra de um poder divino; um filho que abandonou os pais para se juntar a um grupo de invasores e levou junto uma espada que solta fogo; A cidade de Diamond City construída do que sobrou de um estádio de beisebol ou uma fazenda populada só por robôs Mr. Handy, que possuem personalidade de artistas da TV.
Assim como acontece com Fallout 3 e Fallout: New Vegas, as grandes experiências no jogo aparecem quando você desvia da rota principal e sai por aí em busca de novos lugares e missões paralelas.
Criação de assentamentos
Uma das principais novidades de Fallout 4 é a possibilidade de você criar assentamentos em diversos lugares do mapa. Na história do jogo, a justificativa é que você vai até esses locais para ajudá-los com problemas – normalmente saqueadores – e, em troca, eles se juntam à causa dos Minutemen (um grupo quase extinto de rangers que ajudam a proteger outras).
Já mecanicamente esse elemento é um Sim City pós-apocalíptico. Abrindo o menu de construção, é possível criar diversos objetos e estruturas dentro do assentamento: móveis, casas, geradores de energia, fazendas e equipamentos para chamar outras pessoas do mundo para habitar o lugar. Isso tudo é criado a partir de matérias-primas como aço, madeira e engrenagens, que são coletados nas sucatas que se encontra pelo mundo do jogo. Ah, só não se esqueça de também montar um sistema de defesas, já que quanto mais o seu assentamento cresce, mais ele chama a atenção de invasores.
O recurso de criação é algo completamente opcional em Fallout 4, mas para quem quiser se dedicar a isso, vai encontrar um sistema bem profundo para passar algumas boas horas.
Trilha sonora
Músicas de Billie Holiday, Bob Crosby and the Bobcats e outros artistas de jazz e blues da metade do século passado não é algo que você pensaria combinar com mundo pós-apocaliptico, mas desde Fallout 3 é impossível não sair pelos EUA em ruínas sem ouvir algumas dessas canções no seu Pip-Boy, que consegue sintonizar frequências de rádios.
A Diamond City Radio de Fallout 4 reprisa boa parte das músicas ouvidas dos jogos anteriores, como Civilization (Bongo, Bongo, Bongo) da The Andrews Sisters, ou a clássica Maybe, do grupo The Ink Spot. Mesmo com essa repetição, há novas e interessante adições para a playlist retrô apocalíptica, como Rocket 69, de Connie Allen.
Outras músicas que ficam logo na cabeça são as de Betty Hutton: It’s a Man e He’s a Demon, He’s a Devil, He’s a Doll
O mais interessante da trilha de Fallout 4 é justamente não seguir com uma música eletrônica, rock pesado e dubstep que estamos acostumados nos jogos, e sim resgatar esses clássicos da década de 50 e 60 da música americana. Isso é algo que faz sentido também no contexto do jogo, já que a sociedade em Fallout ficou estagnada nesse período e continuou com os mesmos costumes. Só assim para aparecer situações como jogar coquetéis molotov enquanto ouve “I don’t Want to set the World on Fire”.
Bugs
Espera, como bugs podem ser algo positivo? Quando eles propiciam situações, no mínimo, engraçadas e isso acontece frequentemente em Fallout 4. Durante minhas aventuras pela Boston em ruínas, me deparei com algumas delas, normalmente relacionadas a problemas de física de colisão, algo típico de mundos abertos e até comuns em jogos da Bethesda.
Apesar desses momentos poderem “quebrar” a imersão, não há como negar que elas deixam o jogo mais divertido. Isso, claro, se o bug não for mais grave e comprometer a experiência de jogo, o que infelizmente também pode acontecer vez ou outra em Fallout 4, como o menu do Pip-Boy desaparecer ou legendas desaparecem nos diálogos.
Por falar em defeitos, é preciso comentar como a performance da versão de consoles é bem inferior a de PC. Seja no PS4 ou Xbox One, são constantes as quedas de quadros e pequenas travadas ao carregar algum cenário maior. Fora que o jogo, como um todo, sofre para ficar em 30 fps constantes. Algo que os PC Master Race se orgulham de ter 60fps no jogo. Para completar, os gráficos de Fallout 4 deixam um pouco a desejar. Ele é obviamente mais bonito do que Fallout 3 e New Vegas, mas certamente não será o jogo mais bonito que você verá na geração atual.
No geral, Fallout 4 entrega uma experiência que não chega a se diferenciar muito dos jogos anteriores: explorar o mundo em busca de histórias e quest interessantes, encontrar companheiros pelo caminho que lutam ao seu lado (indo desde o famoso cachorro dos trailers até super mutantes, como em Fallout 3) e um sistema de combate que até funciona melhor como shooter, mas ainda é muito dependente do V.A.T.S.
Isso pode até decepcionar quem esperava uma evolução maior na estrutura de jogo, mas Fallout 4 é um mais do mesmo que ainda consegue empolgar e que é bem feito. O hype, no final das contas, se transformou em um jogo tão memorável quanto ele parecia ser.
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Fallout 4 está disponível para PS4, Xbox One e PC. A cópia do jogo foi cedida pela Gaming do Brasil, que distribui o jogo da Bethesda no país.