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As histórias de Um Computador por Aluno: adaptação, laptops roubados, sucesso em sala

Quando se fala em tecnologia na escola pública, sempre há muitos rápidos em criticar: “faltam professores treinados, os alunos vão usar mal o computador, vão roubar os aparelhos etc.” Felizmente há quem deixe essas críticas de lado e aposte em formas diferentes de educar. A Agência Brasil mostra os dois lados da moeda com o […]

Quando se fala em tecnologia na escola pública, sempre há muitos rápidos em criticar: “faltam professores treinados, os alunos vão usar mal o computador, vão roubar os aparelhos etc.” Felizmente há quem deixe essas críticas de lado e aposte em formas diferentes de educar. A Agência Brasil mostra os dois lados da moeda com o projeto Um Computador Por Aluno (UCA): como ele funciona, e quais são suas falhas.

O caso da Escola Municipal Jocymara Falchi Jorge, em Guarulhos (SP), mostra como o computador pode dar certo em sala de aula – mesmo com a resistência dos professores. O MEC enviou para a escola 380 notebooks, que são usados pelos 700 alunos do ensino básico. Pouco tempo depois, roubaram quase 200 dos laptops, mas o projeto não parou: o MEC repôs os aparelhos perdidos e enviou armários especiais, com cadeado, para guardá-los.

O maior desafio ainda estava por vir: entre os 33 professores, alguns não queriam lidar com a nova tecnologia. Ana Lúcia Pires, professora com 29 anos de experiência, diz à Agência Brasil: “Quando veio o programa para a gente, eu quis ir embora da escola. Porque eu nunca tinha mexido [com computador], me apavorei. Não tinha noção do que me esperava.” Uma pesquisa já mostrou que a maioria dos professores ainda sabe menos sobre computador e internet que os alunos.

No fim, parece que tudo deu certo: Ana Lúcia entrou no programa de capacitação (fornecido pela USP) e ganhou “amor” pela tecnologia; os alunos se adaptaram aos laptops – “poucos conheciam o notebook”, diz a professora Daniela Coelho; e as distrações de um computador com internet têm seu lugar: “primeiro a gente faz a atividade, depois eles estão liberados para brincar”, segundo Daniela. No fim, segundo a professora Ana Lúcia, “as crianças têm mais interesse, vem com mais gosto para a escola, e frequência aumentou”.

No entanto, nem sempre o programa UCA funciona bem: o Centro de Ensino 10 da Ceilândia, na periferia de Brasília (DF), deixa pelo menos 100 laptops – dos 470 que a escola recebeu – guardados no armário, sem uso. É que faltam armários nas salas de aula para guardar os laptops, então eles precisam ficar no laboratório, protegidos com cadeado para não serem roubados. Só que levar os laptops do laboratório pra sala demora muito, então alguns deles simplesmente ficam guardados.

E mais: a internet é muito lenta e não aguenta muitos acessos de uma vez. Por isso as turmas não podem usar a internet ao mesmo tempo, e são obrigadas a fazer “rodízio”. A experiência é frustrante, para os professores e para os alunos também. A Secretaria de Educação do DF promete aumentar este ano a velocidade de acesso, e deve fornecer armários para os laptops até o fim do primeiro semestre.

Mesmo com as dificuldades, os alunos ficam motivados com os laptops: “No dia do UCA ninguém falta”, diz a supervisora pedagógica Cláudia Sousa. Os alunos fazem pesquisas sobre o conteúdo ensinado em sala, ou brincam com os jogos educativos do laptop, e gostam de ter uma alternativa aos livros e quadro-negro.

As histórias completas, com mais detalhes, estão nos links a seguir: [Agência Brasil 1 | 2]

Fotos por Sidnei Barros/Pref. Mun. Guarulhos e Marcello Casal Jr./Agência Brasil

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