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As temperaturas do solo da Sibéria atingiram 48ºC, diz Agência Espacial Europeia

Essas temperaturas prejudicam o permafrost - o solo congelado do Ártico, que retém os gases do efeito estufa.

Foto: União Europeia, imagens do satélite Copernicus Sentinel-3

Novas imagens de satélite publicadas recentemente pela Agência Espacial Europeia (ESA em inglês) mostram que a temperatura do solo no leste da Sibéria ultrapassou os 48ºC. Este é o verão mais quente da região, e certamente não será o último.

Enquanto muitos cientistas estavam olhando o oeste americano, para cidades como Phoenix e Salt Lake City, que sofreram com temperaturas muito altas na semana passada, uma mudança climatológica semelhante se desenrolou no lado oposto do mundo, no Círculo Polar Ártico. Isso não é chocante quando você considera que o aquecimento do planeta é um assunto global, que não escolhe alvos. O mundo inteiro é um alvo. 

A temperatura de 48ºC foi medida em solo em Verkhojansk, em Yakutia, parte da Sibéria, pelos satélites Copernicus Sentinel da ESA. Outras temperaturas do solo na região incluíram 43ºC em Govorovo e 37ºC no solo de Saskylah, que marcaram as temperaturas mais altas desde 1936. É importante observar que as temperaturas discutidas aqui são da superfície da Terra, não temperaturas do ar. A temperatura do ar em Verkhojansk era de 30ºC – ainda anormalmente quente, mas não como no Arizona.

Ainda assim, as altas temperaturas do solo são algo ruim. Essas temperaturas prejudicam o permafrost ou Pergelissolo – o solo congelado do Ártico, que retém os gases do efeito estufa e sobre o qual grande parte do leste da Rússia é construída. Conforme o Pergelissolo derrete, ele libera seu metano de volta para a atmosfera, causando buracos na Terra.

Além dos efeitos prejudiciais de mais gases de efeito estufa na atmosfera, o derretimento do permafrost desestabiliza a região siberiana, desestruturando as fundações de edifícios e causando deslizamentos de terra. Isso também expõe as carcaças congeladas de muitos mamíferos da Idade do Gelo, o que significa que os paleontólogos precisam trabalhar rápido para estudar as espécies que prosperaram quando o planeta estava muito mais frio. Apesar de toda a conversa sobre a reanimação de mamutes, é preciso lembrar: o lugar que eles conheciam e habitavam já não existe mais.

Mais do que isso, a mesma região também sofreu com uma onda de calor que marcou 38ºC no ar siberiano há exatamente um ano. Foi a temperatura mais quente já registrada na região. No mês passado, o oeste da Sibéria já refletia o ‘novo anormal’ sufocante que está afetando quase todos os lugares. E não é apenas o sofrimento do permafrost; incêndios florestais no ano passado na Sibéria liberaram uma quantidade recorde de dióxido de carbono na atmosfera, garantindo que mais verões como este estão por vir.

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