Astrônoma explica porque o ano de 2024 terá 366 dias

O ano bissexto foi instituído pelo Papa Gregório 13 no ano de 1582. Ajuste evita que as estações do ano comecem mais cedo do que deveriam
Imagem: Freepik/Reprodução

O ano de 2024 vai ser um pouco mais longo do que o habitual, com 366 dias. Isso significa que o mês de fevereiro terminará no dia 29 (e não no dia 28). Chamado de “ano bissexto”, esse dia extra no calendário gregoriano acontece a cada quatro anos.

Ele serve para ajustar o ano civil com o ano trópico, para que o nosso calendário fique sincronizado com o tempo que a Terra leva para dar uma volta completa em torno do Sol.

A astrônoma Josina Nascimento, do Observatório Nacional, explica como isso funciona. Na prática, a Terra demora 365 dias e quase 6 horas para fazer uma translação ao redor do Sol. Sem a correção, essas “6 horas extras” vão se acumulando a cada ano e provocando distorções no calendário. “Se não fizermos esse ajuste a cada quatro anos, as estações vão mudando de mês”, disse a astrônoma.

Ela lembra ainda que pode parecer pouco, mas sem o ano bissexto, em 120 anos já teríamos uma diferença de um mês. “Assim nós teríamos, por exemplo, o verão começando em novembro. A nossa vida civil é mais baseada nas estações do ano do que possa parecer à primeira vista, e isso geraria grandes problemas”, esclarece.

Nem todo ano é bissexto

O calendário gregoriano — com essas regras para o ano bissexto — foi instituído pelo Papa Gregório 13 no ano de 1582. Uma das preocupações da época era que a determinação da data da Páscoa, que está relacionada com o equinócio de março (outono no hemisfério sul e primavera no hemisfério norte), estava se afastando cada vez mais da época em que deveria ser.

Durante a reforma, o calendário estava tão defasado que a Igreja teve que “sumir” com dez dias para fazer esse acerto. Desde então, este é o calendário vigente para grande maioria dos países nos dias de hoje.

Por outro lado, Josina ressalta que a Terra demora exatamente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos para completar uma volta ao redor do Sol. Essa pequena diferença de cerca de 12 minutos para as 6 horas também geraria uma defasagem no calendário com o passar dos anos. Por isso, para resolver esse problema, ficou resolvido que os séculos inteiros divisíveis por 400 não teriam o dia extra em fevereiro. Assim, o ano de 1900 não foi bissexto, 2000 foi bissexto e 2100 não será.

O movimento da Terra em torno do Sol fundamenta a montagem do calendário gregoriano, conferindo-lhe a natureza de um calendário solar. Porém, também existem calendários lunares e calendários lunissolares em uso em outros país.

Contudo, em todos eles, é necessário algum ajuste se for desejado que os fenômenos relacionados ao movimento do Sol ou da Lua se mantenham relativamente constantes em relação ao calendário. Por exemplo, no calendário judaico, que é lunissolar, há anos com 12 meses e outros com 13 meses.

Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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