Astrônomo registra “brilho celeste” misterioso parecido com uma aurora
Um astrônomo amador registrou em vídeo um misterioso arco de luz vermelha no céu da Nova Zelândia, que lembra a aparência de uma aurora. O brilho celeste batizado de STEVE (sigla em inglês para “Forte Aumento da Velocidade Térmica”) ocorreu em 2015 e foi alvo de um estudo recém-publicado.
Uma aurora boreal ou austral ocorre quando partículas carregadas do Sol interagem com as moléculas de oxigênio e nitrogênio da atmosfera Terra. Essa interação excita as moléculas e faz elas brilharem. Geralmente, as auroras ocorrem em regiões próximas aos Polos Norte e Sul e se apresentam na forma de faixas de luz com as cores verde, azul ou mesmo avermelhada.
Já o STEVE se apresenta como um único rastro fino de luz vermelha, lilás ou rosa que se estende por centenas de quilômetros. Além disso, ele aparece em áreas mais baixas do céu do que uma aurora típica. Às vezes, o rastro também é acompanhado de uma série de pequenas fitas verdes cintilantes.
O show de luzes visto na Nova Zelândia durou cerca de 30 minutos e foi registrado por Ian Griffin. O vídeo pode ser visto abaixo.
Brilho celeste incomum
Segundo um grupo de pesquisadores liderados pelo físico espacial Carlos Martinis, da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, o fenômeno observado na Nova Zelândia é gerado por um processo físico um pouco diferente do que o de uma aurora. Além disso, no estudo publicado no Geophysical Reserach, o STEVE parece estar relacionado a outro fenômeno conhecido como SAR (sigla de “Arcos Vermelhos Aurorais Estáveis”), este sim relacionado às auroras.
O fenômeno registrado coincidiu com uma forte tempestade geomagnética que atingiu a Terra, dando origem ao SAR. Quanto a tempestade diminuiu, o SAR evoluiu para a aparência roxa do STEVE e, antes de acabar, apareceram as faixas de luzes verde picotadas. Esta é a primeira vez que essas três estruturas aparecem juntas no céu e em sequência.
Acredita-se que o STEVE seja formado pela interação entre as moléculas de nitrogênio mais baixas da atmosfera com os fluxos de íons gerados durante tempestades magnéticas. O estudo desse fenômeno pode lançar uma nova luz sobre as complexas interações magnéticas que ocorrem no ambiente espacial, bem como entender como as partículas carregadas fluem pela ionofesfera terrestre.
“Entender os processos responsáveis por esses fenômenos ópticos é fundamental para descobrir a ciência fundamental e como a interação entre gases e plasma em diferentes altitudes domina a química atmosférica”, afirmam os cientistas.