O auge do ciclo solar, momento a cada 11 anos em que o Sol registra mais manchas em sua superfície, deve chegar mais cedo desta vez. Uma análise de físicos solares prevê que a atividade máxima da estrela acontecerá no final de 2023 ou início de 2024. Até então, a previsão era que isso só acontecesse em 2025.
Em artigo publicado no final de janeiro, os cientistas também alertaram que o pico do ciclo solar pode ser duas vezes mais forte que o anterior. O último episódio de máximo solar, em abril de 2014, foi o mais fraco dos últimos 100 anos. À época, astrônomos contaram 114 manchas solares, quando a média histórica é de 179.
A informação tem como base os estudos da teoria “Termination Event”, defendida por uma ala de físicos solares. Esse evento é um conceito relativamente novo na física solar que trata do período de tempo no Sol.
Segundo os cientistas, depois que um ciclo solar termina, seus campos magnéticos cessam abruptamente, o que permite que outros campos magnéticos do próximo ciclo solar assumam o controle. Assim, quando o evento de término acontece, um novo ciclo solar começa quase que imediatamente.
Os cientistas entendem que várias faixas de magnetismo flutuam na superfície do sol. Quando bandas com cargas opostas colidem, elas se aniquilam (ou “terminam”). Mesmo sem haver explosão, o evento é importante porque pode iniciar ciclos solares mais intensos, dependendo da força das faixas durante a colisão.
Essa versão não é um consenso entre os astrônomos. A maioria dos físicos solares acredita que o ciclo solar com previsão para acabar em 2025 será fraco, parecido com o que terminou em 2014. Isso porque, na análise de modelos ortodoxos, o dínamo magnético interno do Sol favorece um ciclo menos intenso e não inclui o conceito de “terminação”.
Colocando a teoria à prova
A aproximação do máximo solar até o final de 2023 ou começo de 2024 vai ser o grande teste do evento de terminação defendido pelos cientistas.
Por enquanto, a previsão do grupo coincide com a mudança do campo magnético do Sol. Isso significa que os campos magnéticos que estão perto dos pólos enfraquecem, mudam de sinal e começam a se propagar novamente na direção oposta. Isso acontece em todo o ciclo solar, mais precisamente quando a estrela se aproxima do seu auge.
Medições do Observatório Solar Wilcox da Universidade de Stanford confirmam que esse enfraquecimento dos pólos já está acontecendo. Os campos magnéticos polares devem chegar à marca zero em alguns meses.
“Historicamente, o cruzamento zero precede o número máximo real de manchas solares em seis a 12 meses”, argumentou Scott McIntosh, principal autor do estudo. “Portanto, isso está de acordo com nossa previsão de um máximo solar inicial”.
Físicos e astrônomos têm interesse em especial nos ciclos do Sol porque as manchas solares podem causar verdadeiros estragos em satélites e equipamentos de telecomunicação da Terra.